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Críticas

Somos Tão Jovens

Renato Russo ganha retrato cinematográfico

Por Luiz Joaquim | 03.05.2013 (sexta-feira)

Uma nova febre nos cinemas pode ter início a partir de hoje com a estreia de “Somos Tão Jovens” (Bra., 2013), filme de Antônio Carlos da Fontoura que chega a aproximadamente 500 salas, falando sobre o percursos artístico de Renato Russo, líder da banda Legião Urbana. O período, entretanto, não cobre toda a carreira da banda, que ainda hoje agrega novos fãs.

De cara o filme aponta a época entre 1976 e 1982, até imediatamente o momento em que a Legião vai tocar pela primeira vez no Rio de Janeiro, no mítico Circo Voador. Primeiro aspecto a chamar a atenção aqui é adequação na escolha do elenco, com destaque, claro, para o protagonista Thiago Mendonça (que já interpretara um cantor em “2 Filhos de Francisco”, 2005). O jovem ator, 33 anos, conseguiu além da aparência, captar os trejeitos do líder da banda sem soar caricato.

Sendo um filme de época, a direção de arte também precisou ser cuidadosa. A lição que “Somos tão Jovens” dá é que Brasília, por ser uma cidade jovem, não oferece muitas dificuldades para caracterizá-la no passado. Pouco mudou na sua paisagem.

E sendo uma obra cujo foco é a formação de uma banda de rock, a imprescindível trilha sonora não poderia ser menos cuidadosa. E, de fato, é ela, a música uma presença constante no filme com o destaque para o fato de que as canções foram regravadas pelos atores. Antes delas (as músicas) se imporem com mais força, na segunda metade do filme, fica a sensação de tropeços na narrativa, quando apresenta o personagem. Só depois é que as melodias de Renato Russo terminam por pontuar o ritmo de “Somos Tão Jovens”.

Nesse sentido, é interessante como a produção nos situa nos “bastidores” da construção das letras dos clássicos que todos já conhecem e tomam para si, como “Ainda é cedo” e “Eduardo e Mônica”. Ou ainda, como nos situa nas condições que surgiram o Aborto Elétrico (banda pré-Legião) e a carreira solo de Renato como O Trovador Solitário. Ou entender a presença do Plebe Rude naquele momento, e a formação do Capital Inicial, além do já êxito do Paralamas do Sucesso no Brasil. Há ainda aspetos pessoais de Renato, como uma sugerida paixão homossexual por Flávio Lemos (da “Aborto”), aqui mostrado de forma discreta, e a crucial reportagem feita por Hermano Viana sobre a cena em Brasília, resultando no famoso convite para tocarem no Circo Voador.

A febre a partir do Legião nos cinemas não deverá encerrar rápido, uma vez que ainda este mês (dia 31) entra em cartaz “Faroeste Caboclo”, de René Sampaio, nada mais que uma adaptação da canção homônima de Renato Russo. Já nas locadoras é possível também encontrar o documentário “Rock Brasília: Era de Ouro” (2011), de Vladimir Carvalho, no qual o diretor resgata a história da cena musical dali por depoimentos e raras imagens de arquivo.

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