Uma Ladra sem Limites
Com a moral invertida
Por Luiz Joaquim | 10.05.2013 (sexta-feira)
Não é exatamente uma comédia, embora assim se pretenda “Uma Ladra Sem Limites” (Identify Thief, EUA, 2013) filme de Seth Gordon que estreia hoje com Jason Bateman e Melissa McCarthy (famosa por “Missão Madrinha de Casamento”). A associação do rosto de malandra de McCarthy num pôster tornou-se automática à ideia de humor, mas neste novo trabalho sua personagem está mais para a tristeza, apesar das tentativas de disfarçar.
Muito embora a vida de Diana (McCarthy) pareça ser divertida, ela é, no fundo uma pessoa infeliz, carente, solitária. Absolutamente desregrada, ilegal e sem limites, a mulher vive de falsificar cartões de crédito e torrar seu limite até partir para uma próxima vítima. O enredo acompanha a vida de uma dessas vítimas.
Ele é Sandy Patterson (Bateman), cidadão com moral diametralmente oposta à de Diana. Sandy é casado com um linda mulher (Amanda Peet), tem duas filhas e uma terceira a caminho. Trabalha com finanças e é um profissional sério. Enquanto a bandida se diverte e já vai em mais de 12 mil dólares de despesas pelo cartão dele, Sandy tenta convencer a polícia de que ele é inocente, nunca saiu do Colorado, onde vive, e muito menos esteve na Flórida, onde Sandy comete os crimes.
Como a ação da polícia pode demorar muito, Sandy decide viajar a Flórida e trazer a ladra ele mesmo para a polícia local. Nesse jornada, ao localizar Diana, eles primeiro se estranham, depois se odeiam, passam a se tolerar e, na sequência, percebem que tem algo a aprender um com o outro.
É a clássica formula hollywoodiana que relativiza todos os valores, ensinando que não se pode nem ser tão correto, nem tão irresponsável. O equilíbrio é sempre bem-vindo mas a lição aqui não parece funcionar, uma vez que a malandragem de Diana irrita mais que diverte. Pior que irritar, ela sugere piedade.
Numa inversão de “simpatias”, é pela luta do certinho Sandy em consertar sua vida que a história fica interessante. Os crimes da bandida não são engraçados, soam como crime mesmo. A anti-heroína é, no final das contas, chata. E quando “Uma Ladra sem Limites” tenta justificar isso, a graça já não está mais lá há bastante tempo. Ela vai sendo diluída por um roteiro frágil que ainda peca por tornar o honrado em desonrado. Uma pena.
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