1º Recife Exploitation (2013)
Sobrevoo no subsolo dos filmes B
Por Luiz Joaquim | 17.06.2013 (segunda-feira)
Há um gênero cinematográfico que circula por aí há mais de 80 anos. Só que, por conta de preconceitos diversos, raramente ganha a grande mídia. É o “Exploitations”, que hoje ganha – e segue até sexta-feira, sempre às 19h – a mostra “1º Recife Exploitation”, gratuita na sala João Cardoso Ayres da Fundação Joaquim Nabuco (mesmo prédio e andar do Cinema da Fundação). A expressão faz referência a total falta de pudor em expor questões a partir da violência, do sexo, das drogas. Sendo que os filmes do gênero, habitualmente são realizados com orçamento modesto. Hoje, antes da primeira exibição, também será lançado o livro “Cemitério Perdido dos Filmes B: Exploitation”, organizado pelo gaúcho César Almeida.
O lançamento será representando pelo pernambucano Osvaldo Neto, um dos colaboradores (entre os 12 de todo o Brasil) dos textos – alguns exclusivos – que compõem a brochura. Osvaldo é o mesmo que organizou a exibição dos cinco filmes da mostra na Fundaj. São eles “Super Fly” (hoje), rodado por Gordon Park Jr. em 1972; “The Street Fighter” (amanhã), filme de 1974 de Shigerizo Ozawa; “O Vento Negro da Tarântula”, obra de Paolo Cavara feita em 1971; “Hasta el Viento Tiene Miedo” (quinta-feira), produção de 1968 rodada por Carlos Henrique Taboada; e “Banquete de Sangue”, clássico de Herschell Gordon Lewis de 1963.
Todos os filmes estão comentados no livro, que abre com uma introdução de Almeida resgatando o histórico dos “Exploitations” e suas derivações como o “sexploitation” e “blaxploitation” – tocado e encenado por artistas negros, cujo marco é o filme “Sweet Sweetback s Baadasssss Song” [escrito assim mesmo], de Melvin Van Peebles; tendo também gerado “Super Fly”.
Dividido em nove partes, o livro passa pelas obras mais radicais e gore, como “Banquete de Sangue”; entra pelos títulos de artes marciais (como “The Street Fighter”); aborda a prolífera produção italiana dos giallos, ou seja, obras com assassinos misteriosos e mulheres fatais como “O Ventre Negro da Tarântula”; fala dos poliziescos, ou policiais implacáveis contra bandidos sanguinários; e também dos “Naziploistation” e “Nunsploitation”.
Do capítulo “Exploitation na América Latina”, destaca títulos do Brasil, da Argentina e do Mexico, como “Hasta el Viento Tiene Miedo”. O curador Osvaldo, que se reconhece como um “cinéfilo harcore”, promete ainda uma sessão supresa na sexta-feira. “O máximo que adianto é que é uma produção brasileira rara”, conta.
Para ele, as pessoas precisam se despir de preconceitos, assim como os próprios filmes se despiram, para descobrir e se divertir com estas obras. “Tais trabalhos foram importantes porque quebraram conceitos estabelecidos e alguns tabus, falando sem rodeios sobre sexo, drogras e violência”, destaca Osvaldo. Hoje à noite o curador oferece o livro pelo valor promocional de R$ 35. O valor original pelo site da editora mineira (www.editora.estronho.com.br) ou por encomenda na Livraria Cultura é de R$ 39,90.
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