8° CineOP (2013) encerramento
A descoberta de um cineasta livre
Por Luiz Joaquim | 19.06.2013 (quarta-feira)
OURO PRETO (MG) – Sem premiações, como lhe é tradicional, a cerimônia de encerramento do CineOP: Mostra de Cinema de Ouro Preto, cuja oitava edição finalizou na segunda-feira, projetou os médias-metragens “Filme para Poeta Cego”, no qual o diretor Gustavo Vinagre investiga as criações e taras de Glauco Mattoso, e o experimental “Sobre o Abismo”, do mineiro André Brasil.
Houve ainda a apresentação do curta resultado da oficina de cinema ministrada por Luiz Carlos Lacerda, o Bigode. A estrela da noite, entretanto, era o último por vir: o longa “Ozualdo Candeias e O Cinema” (2013), documentário de Eugênio Puppo sobre a icônica figura do cineasta Candeias (1918-2007)
Mais conhecido (ou apenas conhecido) pelo já clássico “A Margem” (1967), seu primeiro longa-metragem produzido com recursos próprios, Candeias chamou a atenção da critica da época, alem de estimular com essa produção o início do chamado Cinema Marginal paulista.
Uma das grandes indignações da critica tinha a ver com a origem humilde do cineasta. Chegaram a acusá-lo de analfabeto e colocar isso como justificativa por “A Margem” não ter diálogos.
O doc. de Puppo vem abrir uma nova dimensão para a figura do realizador. Dimensão que Puppo começou a abrir em 2001, quando preparou uma retrospectiva de sua obra e publicou um catálogo com reflexões da crítica contemporânea atualizando a leitura sobre a obra deste cineasta que ajudou a moldar a Boca do Lixo, responsável pelo força das pornochanchadas paulistas nos anos 1970.
Puppo leva seu doc. intercalando entrevistas dadas pelo cineasta – tendo como principal uma concedida a TV Cultura em 1976 – com trechos restaurados (em impressionante qualidade) dos mais de uma dezena de trabalhos que Candeias realizou.
Pelo volume de material iconográfico e audiovisual, que inclui imagens caseiras feitas com sua primeira câmera nos anos 1950 e outras mais recentes, não utilizadas em um de seus filmes, “Ozualdo Candeias e O Cinema” é um elegante documento sobre o homem simples, livre e, por isso mesmo, inventivo que foi o ex-caminhoneiro Candeias (foto acima).
O documentário soe, talvez, vago para quem não tem o mínimo de intimidade com o universo “marginal” do cinema paulista.
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