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Festivais

8º CineOP (2013) noite 1

Ouro Preto revê início da Ditadura

Por Luiz Joaquim | 15.06.2013 (sábado)

OURO PRETO (MG) – Era preciso que a estrutura do palco do Cine Vila, principal espaço do 8º CineOP: Mostra de Cinema de Ouro Preto, estivesse bastante reforçada na noite da abertura, quinta-feira, quando recebeu o peso do trio que lá subiu para homenagear Walter Lima Jr.

Ao lado de Walter Lima estavam Maurice Capovilla, 77 anos, Nelson Pereira dos Santos, 85, e Francisco Ramalho Jr, 63. O trio, dono de um legado histórico e incomensurável ao cinema brasileiro, terão, assim como o homenageado, algumas de suas obras apresentadas até o final do evento na segunda-feira.

Mas a noite de anteontem foi mesmo de Walter Lima Jr., que teve seu futurístico “Brasil Ano 2000” (1968) projetado em cópia recém-restaurada pela Cinemateca Brasileira. Tinindo de nova, com uma imagem límpida, a nova cópia transportou a platéia do Vila Rica para a afiada e discreta crítica social que o então Walter, aos 30 anos, levou aos cinemas no ano do AI-5.

Este segundo filme do diretor, um musical psicodélico, nos apresenta a fictícia cidade brasileira de “Misquici”, onde um foguete espacial está prestes a ser lançado ao espaço no ano 2000. Lá uma família que rumava de Brasília para o Norte do País decide ficar em Misquici fingido-se de índios enquanto esperam a chegada de um general. Intermediados por um jornalista (Ênio Gonçalves), os dois irmãos (Anecy Rocha e Hélio Fernando) começam então a questionar a liberdade individual.

“Brasil Ano 2000” foi um belo exemplo para o tema da Mostra que, neste ano, quer discutir as formas de contestações, por alegorias, que o cinema brasileiro empregava nos cinco primeiros anos da repressão militar. Em seu discurso, Walter Lima lembrou que em sua época, com a produtora DiFilm, abriu um mercado para os filmes de sua geração. “De lá pra cá estamos perdendo esse espaço”, lamentou, enquanto falava emocionado pelo carinho oferecido pelo evento.

A noite também abriu espaço para a figura do mineiro Jurandyr Noronha, 94 anos. Por uma mensagem em vídeo exibida ao público, o cineasta e historiador ganhou o título de presidente de honra da Associação Brasileira de Preservação (ABPA). Jurandyr foi o criador do pioneiro Museu do Cinema e autor de vários documentários históricos. O 8º CineOP exibiu seu curta-metragem, “Uma Alegria Selvagem” (1966), sobre a trajetória de Santos Dumont.

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