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Críticas

Além da Escuridão: Star Trek (2013)

A bela amizade entre a razão e a emoção

Por Luiz Joaquim | 14.06.2013 (sexta-feira)

Uma inquietação imensa tomava conta dos fã da antológica “Jornada nas Estrelas” em 2009, quando a série veria uma nova versão chegar aos cinemas pelas mãos do diretor J. J. Abrams, cuja única referência na tela grande era “Missão Impossível 3” (2006). Uma vez conferida a nova cara, ritmo e estética dada por Abrams ao novo lugar “onde nenhum homem jamais esteve”, o fãs respiraram aliviados. Hoje, com a estreia em todo o País da sequência “Além da Escuridão: Jornada nas Estrelas” (Star Treck: Into the Darkness, EUA, 2013), os trekker (aqueles que adoram tudo a respeito da série) podem relaxar mais uma vez.

E não apenas eles. É provável que o grande acerto de Abrams nestes dois filmes tenha sido aproximar do não-fã a sofisticado trama intergalática que saiu da cabeça de Gene Roddenberry e brilhou na TV nos anos 1960. Um dos vetores que movimetam essa aproximação é a maneira como Abrams aposta nos atores – em particular Chris Pine (como Capitão Kirk) e Zachary Quinto (como o vulcano Spock) -, que incorporam com correção o perfil dos personagens já tão familiares na história .

Este destaque para a diferenças e aproximações que torna a dupla de amigos queridos entre si aparece de cara na sequência de abertura no novo filme. A Entreprise – aeronave da tripulação – está disfarçada submersa num mar de um planeta remoto para que seus nativos não a descubra. Enquanto isso Spock está no coração de um vulcão prestes a entrar em erupção. Para não quebrar o protocolo, o vulcano não se importa em morrer na missão. Para salvar o amigo, Kirk não se importa em quebrar o protocolo e mostrar a nave aos nativos.

A brincadeira, que já enche os olhos pelo belo visual e efeitos 3D caprichados da produção, é só um aperitivo que reforça o quanto os dois pensam diferentes mas concordam na amizade. Uma dessas situações no filme, inclusive, pode intrigar alguns trekker, pois a força da camaradagem entre Kirk e Spock os coloca numa situação em que Spock chora. Para qualquer humano, não há nada de extraordinário numa lagrima escorrendo pelo rosto. Mas quando se trata de um vulcano, diriam os trekkers, isso seria inadimissível uma vez que a tal raça é guiada essencialmente pelo raciocínio lógico. Para aliviar alguma possível irritação trekker pela lágrima de Spock, o novo filme dá uma ponta a Leonard Limoy, 82 anos. Ator ídolo que originalmente encarnou Spock na TV e nos seis filmes que foram ao cinema entre 1979 a 1991.

Um dos filhotes mais celebrados cuja personalidade veio do perfil de Spock e Sheldon, protagonista da contemporânea telessérie americana “The Big Bang Theory”. No filme, J. J. Abrams aproveita-se também dessa característica de Spock para criar um humor refinado. Não são poucas as situações aqui em que Kirk ou Uhura (o affair de Spock, vivida por Zoe Saldana) contradizem razão com reações espontâneas da emoção, provocando assim um conflito na cabeça do vulcano.

Sobre o enredo de “Além da Escuridão”, vemos o ano de 2259 e a Frota Estelar sofrer um ataque de um renegado da federação – John Harrison (o ótimo Benedict Cumberbatch). Ele coordena um ataque a uma biblioteca pública, que oculta, na verdade, uma importante base da organização. O capitão Kirk é então cooptado para capturar Harrison em um planetóide dentro do império Klingon. Espécie de lugar proibido em todo universo pela rixa dos Klingon, à beira de uma guerra com a Federação.

Por este mote simples, J.J. Abrams nos apresenta um filme convincente, descomplicado, mas sofisticado. Com informações que só são críveis porque são dramaticamente muito bem administradas, e no ritmo certo. Do ponto de vista da ação, o filme é uma festa a qual suas 2h20 min. passam muito rápido. Atenção para a perseguição à velocidade da luz numa curva intergalática.

Com este resultado empolgante para “Jornada nas Estrelas 2”, fica a água na boca para o terceiro da franquia, que só estreia em 2016. Antes, em 2015, veremos “Guerra nas Estrelas: Episódio 7”, também conduzido pelas mãos de Abrams. É muita responsabilidade.

JORNADA NA HISTÓRIA

A TELESSÉRIE ORIGINAL
A franquia foi criada por Gene Roddenberry e estreou na rede de TV americana NBC em setembro de 1966. O programa conta as aventuras da nave estelar USS Enterprise em sua missão de cinco anos “para audaciosamente ir onde nenhum homem jamais esteve”. A série possuia em sua elenco William Shatner como o Capitão Kirk, Leonard Nimoy como Spock, DeForest Kelley como Dr. Leonard McCoy, James Doohan como Montgomery Scott, Nichelle Nichols como Uhura, George Takei como Hikaru Sulu. Depois de três temporadas o programa foi cancelado, encerrando em junho de 1969.

NO CINEMA
O mesmo elenco da telessérie original encarnou os personagens em seis filmes feitos para o cinema. Foram eles “Jornada nas Estrelas: O Filme” (1979); “A Ira de Khan” (1982); “À Procura de Spock” (1984), dirigido por Leonard Limoy; “De Volta para Casa” (1986); “A Fronteira Final” (1989), dirigido por William Shatner; e “A Terra Desconhecida” (1991).

NOVA GERAÇÃO NA TV

Entre 1987 e 1994, veio ao ar “Jornada nas Estrelas: A Nova Geração”. Passa-se cerca de um século após a série original. Ela apresenta uma nova nave estelar, a USS Enterprise-D e trazia no elenco Patrick Stewart como o Capitão Jean-Luc Picard.

NOVA GERAÇÃO NO CINEMA
O elenco da “Nova Geração” encarnou aventuras nos cinemas por quatro vezes: “Generation” (1994); “Primeiro Contato” (1996); “Insurreição” (1998); e “Nemesis” (2002).

O ORIGINAL DE CARA NOVA
Em 2009, a Paramount decide resgatar os personagens da telessérie original para recontar sua história. Chama J. J. Abrams para dirigir o projeto “Star Trek”. Encarnando o Capitão Kirk aparece Chris Pine, e como Spock vemos Zachary Quinto. O resultado agradou a todos e hoje chega o filme 2 com o mesmo elenco.

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