Guerra Mundial Z
Zumbis querem ser levados à sério
Por Luiz Joaquim | 27.06.2013 (quinta-feira)
Se há alguma forma interessante de olhar para o bobo “Guerra Mundial Z” (World War Z, EUA, 2013), filme de Marc Forster já nos cinemas a partir de hoje, é vinculando-o ao momento sócio-político histórico pelo qual passa o Brasil hoje. É que ao ver no filme a gigantesca massa de zumbis que transforma cidades norteamericanas num campo de guerra, não há como dissasociar tal imagem dos momentos de violência que temos acompanhado pelo noticiário ao longo dos último 15 dias por aqui.
A diferença é que os morto-vivos em “Guerra Mundial Z” não despertaram para seus direitos, como os manifestantes brasileiros. De qualquer forma, o tamanho da fome dos dois grupos revoltos também é parecida. Enquanto é faminto por carne humana saudável, o outro quer uma política social saudável. Mas, a principal semelhança que estimula a imaginação é mesmo pictórica.
Analogia visual à parte, o novo filme de Forster (de “007: Quantum of Solace”) peca pela intenção de ser sério, quando o assunto “zumbi” precisaria de uma elaboração muito mais sofisticada para nos convencer como sério. Adaptado do livro homônimo de Max Brooks, a vesão cinematográfica custou US$ 200 milhões e tem Brad Pitt como produtor direito, além dele encabeçando o elenco – e também como única mega-estrela em cena.
Forster, por sua vez, parece ter perdido o controle de um filme cuja personalidade é bastante apagada. Há uma constante baixa frequência de tensão no desenvolvimento das cenas de ação que dificulta o envolvimento do espectador.
Parte dessa apatia está na epiléptica montagem de Roger Barton e Matt Chesse, com a fotografia de Ben Seresin, prinicipalmente durante as sequências em que os protagonistas estão no meio de lutas contra os zumbis. Há ainda as acépticas imagens CGI, criadas por efeitos computadorizados, que nos lembram mais um videogame com resolução bacana.
O enredo conta que a crescente epidemia de um virus responsável por transformar as pessoas em mortos-vivos iniciou na Coreia do Sul. O ex-funcionário da ONU especialista em atuar em zonas de conflitos, Gerry (Pitt), é convocado pela insituição a acompanhar o virologista ao ponto zero do virus, onde lá ele pode encontrar pistas para a cura do problema.
Entre paradas em Israel e Grã-Bretanha, com direito a cenas de horror num avião em pleno voo, “Guerra Mundial Z” vai nos dando a dimensão planetária desse virus, só que, mais uma vez, desenvolvendo-se horizontalmente. Com quase nenhum pico de tensão digno de um bom filme de zumbis. Talvez por se levar a sério demais.
Nisto, Brad Pitt encontra uma saída para resolver a epidemia que o mundo enfrenta. No Brasil, entretanto, ele nem quis chegar perto. A viagem agendada há duas semanas ao Rio de Janeiro para divulgar a produção por aqui foi cancelada em função da tensão vistas nas ruas locais, comentadas no mundo inteiro. Fica claro assim que para a “Guerra Brasileira Z” um bonitão ex-agente da ONU não é suficiente.
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