O Homem de Aço
Ele voltou para nós salvar
Por Luiz Joaquim | 12.06.2013 (quarta-feira)
O mitológico herói Super-homem foi modernizado. E isso não é necessariamente bom. Não no caso do filme “O Homem de Aço” (Man of Steel, EUA, 2013), de Zack Snyder, que estreia hoje. Fãs puristas e mais radicais deverão se revirar na poltrona do cinema para o tratamento que Snyder – com a ajuda do produtor e roteirista Christopher Nolan – deu a origem e destino da heróica criatura lançada do planeta Krypton, e que cairia na Terra.
Assim como a nova roupagem de Batman era bastante esperada com o “Batman Begins”, lançado com sucesso por Nolan em 2005, este “O Homem de Aço” (herói da DC Comics, assim como o homem-morcego) também o era. O Super-homem dos dias de hoje segue um padrão mais sóbrio no visual (e figurino) que o Batman inaugurou há oito anos – e desdobrou-se em “Watchman: O Filme” (mais heróis DC Comics), também dirigido por Snyder.
A questão é que este padrão também segue uma outra tendência, esta nada sóbria nas aventuras de Hollywood: o das destruições catastróficas, em escala mundial. Lá pela segunda metade de “O Homem de Aço”, o cenário da ficticia cidade de Metrópolis (uma cópia de Manhattan) vira uma campo de batalha, ao estilo “Guerra dos Mundos” (2005). E nela as lutas do novo Super-homem com o inimigo devastam a paisagem e demolem arranha-céus. É como se, para a Hollywood de hoje, não houvesse heroísmo em atos pequenos. E é aí que está o principal equívoco neste Super-homem atualizado.
Se consideramos que a ideia originária do Super-homem é a de uma criatura pura, fora deste mundo, incapaz de fazer o mal contra qualquer um e, pela sua onisciência, ser um heroi que ajuda tanto as pessoas em grandes catástrofes quanto em problemas mínimos, o novo personagem pensado por Snyder e Nolan soa, no mínimo, desleixado.
Há também, na escolha do ator fortão Henry Cavill (esforçando-se) para viver o homem da capa vermelha um indício de uma tendencência dos dias de hoje. Antes, Super-homem era apenas um homem bonito na feição e postura, e não necessariamente um marombado, que ganhou cenas sem camisa no novo filme.
Apontar aspectos assim servem para destacar o quanto o novo heroi está distanciado da ideia do heroi original. Uma ideia que suscitou referências, inclusive, com Jesus Cristo em função de sua trajetória e destino na vida. Ele é jogado pelo seu pai na Terra para viver entre os humanos. É rejeitado por estes por ser diferente, mas logo, pelos exemplos de altruísmo, sacrifício absoluto e palavras de paz, é tomado como um lider. E mesmo assim, ainda encontra quem o queira destrui-lo.
No novo filme algumas pistas como estas referências até são dadas de forma bem descaradas. Por exemplo, a idade em que este Homem de Aço se sacrifica pelos humanos é aos 33 anos. Antes de decidir pelo sacrifício de se entregar aos militares, Clark Kent vai se confessar com um padre. E aqui, o enquadramento é generoso ao mostrá-lo em primeiro plano, mas o destaque é a imagem de Cristo sob a cruz, ao fundo, num belo vitral. E ainda, quando seu pai Jor-El (Russell Crowell), mesmo já morto, lhe fala no espaço sideral para olhar para sua responsabilidade com o planeta Terra ao fundo, o Super-homem cai de braços aberto, como se crucificado.
As ações heróicas deste personagem, podemos dizer etério, curiosamente parecem não casar com as situações de caos descontrolado criadas pelo filme de Snyder. Pode-se dizer que diretor e roteiristas aqui quiseram privilegiar a origem do heroi e os conflitos em seu mundo Krypton. Não por acaso, o filme passa seus dez minutos iniciais, de um total de 143, neste planeta antes de explodir.
Foi criada uma contextualização política, dando ao envio de Kal-El/Clark Kent àTerra uma nova dimensão. Lá, o general Zod (Michael Shannon) quer aplicar um golpe entre os governantes e tentar salva Krypton de sua irreversível explosão. Ele é capturado e exilado fora daquele mundo. Por conta do exílio, salva-se do fim de Krypton e vai em busca do Super-homem para colonizar a Terra. O filme resume-se então a mais uma batalha entre homens contra alinenígenas.
Explicações mais dentro da lógica física aparecem também como esforço no novo enredo para apresentar a única fraqueza do Homem de Aço. Aqui não há kryptonita, a clássica pedra verde de seu planeta que tirava suas forças. Agora, a consequência lógica entre a atmosfera na Terra e a composição biológica do alienígêna Clark é que lhe dá sua força sobrenatural, ou a tira.
No novo filme, Lois Lane também não é mais morena, mas sim a loira Amy Adams. Nem a trilha sonora de John Williams se salvou. Uma obra prima absoluta entre as composições feitas para ilustrar um filme foi substituída por um amontoado de clichês sonoros sobrepondo imagens de catastrofes. Aqui a trilha trivial é assinada por Hans Zimmer. Para entender a falta de personalidade deste trabalho, basta imaginá-la tocando no filme “O Cavaleiro Solitário” (também em cartaz), e vice-versa. Ambas forma compostas por Zimmer.
Parte do encantamento pelo herói (e por consequência pelo filme “O Homem de Aço”), entretanto, permanece no espectador. Só que mais pelo mérito de seu histórico. Afinal o Super-homem é indestrutível e isso mexe com um conceito universal, o da fragilidade do ser-humano e sua mortalidade. Como não querer conhecer esta criatura que está além dessa questão tão mesquinhamente humana?
O PRIMEIRO ATOR
– Em 1948 e 1950 Super-homem apareceu em dois seriados para o cinema, interpretado por Kirk Alyn: “Superman” e “Atom Man vs. Superman”.
O PRIMEIRO FILME
– Em 1951, George Reeves estrelou ao lado de Phyllis Coates no primeiro longa-metragem do Homem de Aço, “Superman and the Mole-Men”, estreou 23 de Novembro, junto com a primeira temporada do seriado na TV. Entre 1951 e 1958 George Reeves estrelou em 104 episódios para a televisão, que só terminou com a morte do ator.
O FILME ABSOLUTO
– O reboliço era grande em 1978. Afinal, falava-se que o diretor Richard Donner ia resgatar para o cinema o clássico herói, e numa super-produção com gente como Marlon Brando (Jor-El), e Gene Hackman (como o vilão Lex Luthor). O super-herói ficou imortalizado pelo rosto do ator Christopher Reeves, e até hoje este é o filme referência do personagem. Houve ainda três continuações: “Super-Homem II” (1980), “Super-Homem III” (1983), “Super-Homem IV” (1987)
O ROMANCE
– Entre 1993 e 1996, foi exibida a série “Lois & Clark: As Novas Aventuras do Superman”, estrelada por Dean Cain e Teri Hatcher. A série era uma representação do personagem Superman mais focada no relacionamento de Clark Kent com a repórter Lois Lane, a série era guiada como uma comédia romântica.
SUPER-ADOLESCENTE
– Entre 2001 a 2011, foi exibida a série “Smallville” criada por Alfred Gough e Miles Millar. A série abordou a transição do jovem Clark Kent (Tom Welling) da sua fase adolescente para adulta, mostrando todos os problemas enfrentados por um adolescente comum, somando-se aos fatos da adaptação de seus superpoderes e as descobertas sobre suas verdadeiras origens.
NOS ANOS 2000
19 anos depois do último filme com Christopher Reeves, o herói voltaria ao cinema em “Super-Homem: O Retorno” (2006). A figura que usava a capa vermelha era estrelado por Brandon Routh e dirigido por Bryan Singer. Surgiu mais como uma homenagem, e o resultado não chegou a empolgar os fãs, mas também não os ofendeu.
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