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Críticas

Amor Profundo

Entre o coração e a sociedade

Por Luiz Joaquim | 21.07.2013 (domingo)

O espectador terá, certamente, sua atenção sequestrada pelo prelúdio que apresenta a triste história de Hester em “Amor Profundo” (The Deep Blue Sea, Ing., 2011). O filme, em sessão especial hoje às 16h40 no Cinema da Fundação, é uma adaptação da peça de Terence Rattigan (1911-1977), adequada à tela pelo cineasta Terence Davis.

Por cerca dos dez minutos iniciais do filme, somos embalados pelo “Concerto para Violino” de Samuel Barber enquanto escutamos em off a leitura da carta de suicídio deixada por Hester – a protagonista interpretada primorosamente por Rachel Weisz (que concorreu ao Globo de Ouro 2013 por isto).

Sua carta pede desculpas ao seu amante Freddie (Tom Hiddleston) e não o responsabiliza pelo ato de desespero. Estamos em Londres, “por volta dos anos 1950” e a atmosfera pesada é envolta por uma fotografia atenta para a suavidade de uma luz que, com inteligência e sem exageros, sabe banhar tamanha tristeza.

Tal prelúdio é uma pequena obra-prima cinematográfica e por ele, com elipses de domínio perfeito, já entendemos a vida infeliz de Hester ao lado do marido, um rico e mais velho juiz (Simon Russell Beale). Compreendemos também sua irrefutável dependência pelo amor a Freddie. Este, independente e seguindo uma importunada vida assombrada por memórias da 2ª Guerra Mundial.

Mas a perspectiva que o filme se concentra é a de Hester. Esta mulher sozinha e vítima da convicção de seu sentimento. Frágil em sua solidão numa sociedade impiedosa, mas firme em sua crença por ter experimentado o amor. Ela soa como o perfeito retrato de qualquer mulher martirizada pela dependencia a algo que está além da sua compreensão.

PS – A peça “The Deep Blue Sea” já havia sido filmado por Anatole Litvak em 1955, com Vivian Leigh e Kenneth More. Aquela versão deu o prêmio de melhor ator em Veneza para More.

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