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Críticas

Antes da Meia-noite

Três casais em um

Por Luiz Joaquim | 19.07.2013 (sexta-feira)

Para alguns cinéfilos na casa dos 40 anos, o filme “Antes da Meia-Noite” (Before Midnight, EUA, 2013), tem um prazer muito específico, que vai além do deleite cinematográfico oferecido pelo filme. Tal prazer extra está relacionado com a trajetória e faixa etária do casal protagonista Jesse (Ethan Hawke) e Celine (Julie Delpy). Ambos maduros em “Antes da Meia-Noite”, o cinéfilo os conheciam de antes, no início da fase adulta, em “Antes do Pôr-do-Sol” (2004), e ainda inocentes e extremamente românticos em “Antes do Amanhecer” (1995).

A trilogia, que em 1995 originalmente não foi pensada pelo diretor Richard Linklater para formar um conjunto de filmes, é um caso raro na história do cinema. Acompanha o amadurecimento do personagem em consonância com o amadurecimento dos atores; que tornaram-se também roteiristas a partir do segundo filme.

Jesse tinha 23 anos em “Antes do Amanhecer”. No filme seguinte estava com 32. Hoje tem 41. Vista deste ângulo, a trilogia involuntária contempla três fases cruciais da formação amorosa na vida de qualquer pessoa. E uma das belezas nestas indentificações que os filmes provocam no espectador está a coerência estabelecidas pelos três encontros entre Jesse e Celine, e que podemos testemunhar na tela.

Diferente das histórias anteriores, o novo enredo não se dá num breve encontro entre os dois personagens. Apresenta-os como um casal de férias numa linda paisagem grêga, acompanhados pela filhas gêmeas. Jesse, o escritor que era uma promessa no segundo filme, hoje é famoso pelo seu trabalho. Livre das crianças por um tempo, eles revêem, num hotel, suas histórias e repensam tensamente o que sacrificaram para permanecerem juntos. Se Jesse lamenta ver o o filho perfeito (do primeiro casamento) crescendo distante nos EUA, Celine não se conforma em não ver sua carreira como ambientalista decolar como gostaria.

O novo título mantém o elegante estilo que marcou os anterios. Belas paisagens e longas conversas empolgadas, que geram diálogos em planos sequências impressionantes. Adequa-se apenas o assunto à maturidade dos personagens. Com a parcimônia dessa maturidade, eles questionam a estrada que percorreram e que ainda lhes resta percorrer. É tão bonito quanto era há nove anos, quando eles precisavam definir questões mais práticas para suas vidas; ou quanto foi há 18 anos, quando a ideia de um romance etério e eterno norteava a cabeça dos dois apaixonados.

ANTES DO AMANHECER
Em 1995, o americano Jesse, 23 anos, toma uma trêm na Áustria e escuta um casal discutindo. Começa a conversar com a francesa Celine até que eles decidem passar as útlimas horas antes de retornar para seus destinos conhecendo Viena. Até o nascer do sol no dia seguinte eles estarão absolutamente apaixonados e marcam um encontro naquele mesmo lugar dali a seis meses.

WAKING LIFE
Em 2001, o diretor Richard Linklater fez um exercício de animação com a técnica rotoscopia, pela qual sobrepõe traços e cores sobre imagens reais. No enredo conhecemos um jovem que não consegue acordar de um sono e passa a encontrar pessoas da vida real em seu mundo imaginário. Entre várias conversas sobre os vários estados da consciência humana, incluindo discussões filosóficas e religiosas, encontramos Jesse e Celine.

ANTES DO PÔR-DO-SOL
Em 2004, Jesse e Celine se reencontram em Paris. Ele está lá para lançar seu livro de sucesso, que conta sua experiência amorosa em Viena. Caminhando por Paris, os dois atualizam o que passaram separados nos últimos nove anos. Jesse tem um avião para tomar no final da tarde, mas na casa de Celine, com ela imitando Nina Simone, ele decide “perder” o voo.

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