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Críticas

Cores

a crônica dos urbanos falidos

Por Luiz Joaquim | 23.07.2013 (terça-feira)

Há uma imagem bastante simbólica no filme “Cores” (Bra., 2012), dirigido por Francisco Garcia e em cartaz desde sexta-feira no cinema São Luiz. Na tal sequência, um cágado move-se mais rápido que um dos personagens do filme, o tatuador Lula (Pedro di Pietro). A ironia da imagem traduz muito bem a inércia de Lula com a dos outros dois protagonistas, Luiz (Acauã Sol) e Luara (Simone Lliescu).

Eles são três amigos paulistas, por volta dos 30 anos de idade, mas que ainda não vivem como adultos. Tocam suas existência num rumo sem estímulos ou perspectiva para manter-se dignamente de pé na sociedade.

Enquanto Lula passa o dia descalço e de bermuda na garagem da casa suburbana da avó – onde funciona sua loja de tatuagem, Luiz mora num pensão decadente que em breve vai ser demolida pela prefeitura. Trabalha como balconista numa drogaria ao mesmo tempo em que faz seus bicos ilegais com remédios tarja preta.

Já Luara trabalha numa loja de peixes ornamentais. Divide a vida entre o trabalho, os dois amigos e momentos solitários no insuportavelmente barulhento apartamento em frente ao aeroporto de Congonhas. Ele trabalha como uma formiguinha para juntar dinheiro o suficiente e ir ao exterior.

Muito acertadamente o filme é em (belo) preto e branco. Ressalta a perspectiva escura, ou nublada, sem calor, de um suposto Brasil próspero – que, no filme, o ex-presidente Lula propagandeia pela tevê. “Cores” é uma crônica irônica de uma geração perdida. Mais inerte diante da urbe que os cerca do que um lerdo cágado de estimação.

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