Mostra de Cinema Japonês: Retrospectiva Mikio Nar
um mestre a ser redescoberto
Por Luiz Joaquim | 26.07.2013 (sexta-feira)
Tão prazeroso quanto conhecer uma nova cultura, é conhecer a obra de um cineasta tido como um mestre de sua época. Por uma obra assim, todo um universo é construído com significados próprios, oferecendo um particular deleite dentro da história do cinema. Mikio Naruse faleceu em 1969, com ele encerrava-se uma era do clássico cinema japonês, que viu brilhar também Yasujirô Ozu e Kenji Mizoguchi.
Pouco conhecido no Brasil, Naruse ganha a partir de hoje no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco a exibição de 13 de seus filmes, entre os 89 que realizou até 1967. A “Mostra de Cinema Japonês: Retrospectiva Mikio Naruse” é uma promoção da Fundação Japão e do Escritório Consular do Japão no Recife, que trouxeram todas as cópias em 35mm direto de Tokio para circular pelo Brasil, iniciando aqui pelo Recife.
Da mesma forma que Ozu, Naruse só teve um real reconhecimento postumamente. Dono de uma obra moderna, o cineasta acompanhou o ritmo da linguagem cinematográfica ao longo de quase 50 anos e essa inteligência tem sempre muito a ensinar às novas gerações do cinema.
Tendo como tema predileto o universo feminino, Naruse debruçou-se sobre íntimos dramas domésticos (“Vida de Casado”, 1951; “Chuva Repentina”, 1956), sem ser alegre ou encantador. A austeride no estilo soava pesada e sombrio para o espectador da época.
Em seus assuntos preferidos, que inclui ex-gueixas revendo sua história (“Correnteza”, 1956), Naruse evita alimentar a exótica visão Ocidental sobre sua cultura. Propõe, ao contrário, apresentar os aspectos mais tristes de sua realidade, evitando romantismos em cima daquilo que é ralmente duro no dia-a-dia.
PS – O ingresso, de valor único, para as sessões da retrospectiva será de R$ 1,00
PROGRAMAÇÃO RESTROSPECTIVA MIKIO NARUSE
sexta, 26
18h20 Chuva Repentina
(Shu-u / P&B / 1956) – Fumiko está estagnada num relacionamento de quatro anos com Riyotaro. Eles vivem em uma área residencial de Tóquio. Como suas vidas são monótonas, eles vivem de pirraça um com o outro. Fumiko o atormenta por ser tão insensível e está infeliz com sua situação.
20h10 Correnteza (Atual)
(Nagareru / P&B / 1956) – Realizado no ano em que a prostituição foi proibida no Japão, “Correnteza” explora o funcionamento interno de um mundo em mudança, onde gueixas tradicionais enfrentam a iminente queda de seu modo de vida e o fantasma da prostituição.
sábado, 27
18h10 Nuvens Flutuantes
(Ukigumo / P&B / 1955) – Nuvens Flutuantes, um dos filmes mais intensos e tristes de Naruse, conta a história de um amor e desamor, que se desenrola ao longo de vários anos, com os encontros, desencontro e reencontros entre uma mulher e seu amante.
20h30 Vida de Casado
(Meshi / P&B / 1951) – Baseado em romance inacabado de Fumiko Hayashi, relata o drama de um casal que se muda para um bairro humilde em Osaka, após o fim da Segunda Guerra Mundial. O amor vai aos poucos se confrontando com as dificuldades financeiras do casal.
Domingo, 28/07
18h20 Quando a Mulher Sobe a Escada
(Onna ga kaidan wo agaru toki / P&B / 1960) – A viúva Keiko é a senhora contratada de um bar no luxuoso bairro de casas noturnas Ginza. O dono do bar, reclamando da baixa nas vendas, insiste para que ela venda seu corpo para manter os clientes que mais gastam.
20h30 Tormento
(Midareru / P&B / 1964) – Viúva durante a guerra, com apenas seis meses de casada, Reiko quase reconstrói sozinha a loja de bebidas da família do marido, após ter sido bombardeada. Dezoito anos depois, porém, sua loja e outros pequenos negócios estão perdendo concorrência para um novo supermercado.
Segunda-feira, 29/07
18h50 Tsuruhachi e Tsurujiro
(P&B / 1938) – Um dos poucos filmes históricos de Naruse, cuja ação se desenrola no início do século 1920. É também uma história de amor, de encontros, discussões e reencontros entre as duas personagens que dão título ao filme.
20h40 Toda a Família Trabalha
(Hataraku Ikka / 1939 / P&B) – Definitivamente um dos tecnicamente mais maduros filmes iniciais de Naruse. É considerado o ponto de inflexão que determinou o estilo e tom do famoso diretor. Por este filme, conhecemos a história de um pai desempregado que depende de seus nove filhos.
Terça-feira, 30/07
19h Atores Itinerantes
(Tabi Yakusha / 1940 / P&B) – Divertida comédia sobre atores que interpretam as patas traseiras e dianteiras de um cavalo em uma peça de teatro e que sentem que sua arte é menosprezada. Quando o empresário que financia a peça decide substituí-los por um cavalo de verdade, a dupla decide vingar-se
20h30 Mamãe
(Okaasan / 1952 / P&B) – A história de uma pobre e trabalhadora mãe com um marido doente, que se sacrifica para sustentar a família num subúrbio de Tóquio. Naruse apresenta um compassivo, resignado, e comovente exame da luta humana, sobrepondo a inocência e o otimismo da juventude com a austeridade da vida do Japão pós-guerra.
Quarta-feira, 31/07
18h20 Nuvens de Verão
(Iwashigumo / P&B / 1958) – Yae, que perdeu seu marido na guerra, administra uma pequena fazenda com sua sogra, enquanto cria seu único filho, Tadashi.
20h50 A Chegada do Outono
(Aki tachinu / P&B / 1960) – Uma viúva recente vai com seu filho Hideo à casa de seu irmão em Tóquio. Ela arranja para que Hideo viva o tio, mas o menino tendo crescido no campo não está acostumado à cidade e prefere a companhia de seu bichinho de estimação.
Quinta-feira, 01/08
18h20 Vida de Casado
(reprise)
20h20 Nuvens Dispersas
(Midare gumo / P&B / 1967) – O casal na mesa perto da janela parece mais feliz do que qualquer outra pessoa no restaurante. Eda Hiroshi, que trabalha em um escritório do governo, foi promovido e sua esposa, Yumiko, está grávida. Mas a felicidade do casal terminará no fim daquela tarde.
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