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Críticas

O Cavaleiro Solitário

Piratas do deserto

Por Luiz Joaquim | 12.07.2013 (sexta-feira)

É preciso atenção para não confundir este “O Cavaleiro Solitário” (The Lone Ranger, EUA, 2013), filme de Gore Verbinski, com “O Cavaleiro Solitário” (Pale Rider), dirigido e atuado por Clint Eastwood em 1985. Apesar dos dois filmes se passarem no velho oeste americano, o novo trabalho de Verbinski – diretor dos três primeiros “Piratas do Caribe” – não é uma refilmagem, e passa longe do interesse de mostrar aquele ambiente sem lei como um lugar assustador. Clichê de clichês, seu “O Cavaleiro Solitário” é um filme família, daqueles em que um homem leva um tiro (ou vários), mas morre sem sangrar. E há, claro, Johnny Depp, transferindo as mungangas que antes víamos num navio, e agora vemos no deserto texano do século 19.

Depp é Tonto, um índio na caça de Butch Cavendish (William Fichtner), um bandido que tem a fama de comer carne humana e dizimou a família de Tonto no passado. Quando percebe que um cavalo branco, espécie de mensageiro espiritual, escolheu o advogado John Reid (Armie Hammer, o gêmio de “A Rede Social”) como imortal, Tonto passa a segui-lo. John também busca Cavendish. Só que não para matá-lo, e sim prendê-lo de acordo com a lei em função do assassinato dos “Texas Rangers”.

Um, entre os diversos erros aqui, está no próprio Johnny Depp, que direciona sua personalidade artísticas desde 2003 ao estilo Jack Sparrow – de “Piratas do Caribe” – de atuar. Neste “Cavaleiro Solitário”, o ator coloca o comanche Tonto na lideração da história, quando historicamente o personagem era apenas um seguidor do herói. Não à toa, é a primeira vez que o ator que interpreta o índio tem um cachê mais alto de quem faz o Cavaleiro Solitário.

Assim como na franquia dos piratas, é a personalidade e a malandragem do enjeitado – aqui no caso o Tonto – que insistem em dar o tom de graça ao filme. O Cavaleiro entra como uma espécie de bobo, que obedece ao índio, e passa toda sua com discussões infantin contra o selvagem (que sempre sai vencendo). A estrutura segue a fórmula de ouro do atual humor hollywoodiano, ou seja, os dois heróis não se aguentam, mas gostam tanto um do outro que não conseguem se separar.

Este “O Cavaleiro Solitário” é um filme que não acredita em seu próprio herói. Nenhum problema em chacoalhar um herói icônico e fazê-lo repensar seus valores e sua invencibilidade. Mas não há problema também em tentar olhar para a velha escola dos westerns como algo também divertido. O que é certo é que há algo de muito estranho em transformar o mocinho num bobo da côrte simplesmente porque é mais fácil do que mostrá-lo como uma força da natureza pelo bem da humanidade.

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