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Festivais

41o. Gramado (2013) – noite 1

Susto e emoção na abertura

Por Luiz Joaquim | 12.08.2013 (segunda-feira)

GRAMADO (RS) – Antes da esperada sessão na noite de sábado de “Flores Raras”, novo filme de Bruno Barreto que abriu o 41º Festival de Cinema de Gramado, a evento levou um susto.

Durante a protocolar cerimônia política no Palácio dos Festivais, que antecede a projeção, o diretor de relações institucionais da telefônica Oi, uma das patrocinadoras do evento, iniciou seu discurso e, segundos depois, diante de um auditório lotado, desmaiou no palco. O Sr. Jaime Borin foi rapidamente acudido e logo depois informaram que seu mal súbito não fora grave.

A cerimônia seguiu com a apresentação ao vivo da banda de Carlos Badia tocando a nova música tema do festival. Uma melodia criada para marcar a nova fase administrativa e curatorial do evento, iniciada ano passado. Ainda antes do filme, a atriz Glória Pires recebeu das mãos dos produtores Lucy e Luiz Carlos Barreto o troféu Oscarito. Uma honraria do festival a personalidades por sua carreira cinematográfica.

Dividindo o protagonismo de “Flores Raras” com a atriz australiana Miranda Otto (da série “O Senhor dos Anéis”), Pires aproveitou para lembrar que sua primeira experiência no cinema também fora guiada por Bruno Barreto, em “Índia: A Filha do Sol” (1981), quando ela tinha 17 anos.

Adaptado do livro “Flores Raras e Banalíssimas”, de Carmen Lúcia de Oliveira, o projeto de leva-lo à tela era um sonho alimentado desde 1995 por Lucy e pela própria Glória. Só nos anos 2000, depois de assistir o monólogo “Um Porto para Elizabeth Bishop”, levado ao palco por Amy Irving, ex-esposa de Bruno, foi que ele topou assumir a direção.

Em entrevista coletiva no sábado, o diretor frisou a dificuldade em arrecadar fundos para a produção. “Foi um ato de coragem da Globo Filmes, da Imagem Filmes e da Telecine em assumir esse projeto”, lembrou; enquanto a produtora Paula Barreto desabafou dizendo que “Nenhum banco, exceto o Itaú, queria associar sua marca a uma história de amor entre duas mulheres homossexuais”.

A história abrange o período em que a tímida poetisa norte-americana Elizabeth Bishop (1911-1979) – vencedora do Pulitzer em 1956 – veio ao Brasil e viveu um romance com a arquiteta Lota de Macedo Soares (1910-1967) – idealizadora do Parque do Flamengo.

“Tenho certeza que se o filme fosse feito hoje, teria mais adesões das empresas. Eu aceitei o papel porque Lota era uma visionária pouco conhecida, e também pelo fato de fazer uma homossexual nos anos 1950 ser um desafio”, explicou Glória.

Bruno salientou que este foi seu filme mais desafiador para encontrar o tom correto. “Não queria transformar a poesia em dramaturgia. Isso podia ficar chato. Tinha que encontrar essa poesia dentro da dramaturgia. Não queria ficar também na facilidade do minimalismo, optei pelo clássico”.

Parte do êxito que se vê nesse tom, está também no desempenho de Glória Pires atuando em inglês sem percebermos um atraso entre o pensar e o falar noutro idioma. “Não sei explicar como consegui isso. Acho que foi instinto, entrega, paixão”, tentou responder. Para a produtora Lucy, “Glorinha simplesmente encarnou a Lote, daí esse resultado”.

PS 1 – Durante a entrevista, a imprensa quis saber da saúde do cineasta Fábio Barreto, semiconsciente desde um acidentado em 2009. Lucy contou que a família segue com seu tratamento em Boston (EUA) e o progresso cresce pois ele retomou alguns estímulos nervosos. Fábio está em casa com a esposa Débora e o filho João.

PS 2 – “Flores Raras” estreia nos cinemas de todo o Brasil na próxima sexta-feira com 150 cópias. No exterior, o filme exibiu na Alemanha e Estados Unidos. Já foi vendido também para os Países Escandinavos, Irã e Coreia.

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