41o. Gramado (2013) – noite 4
Gramado esfriou segunda-feira com docs. pouco inspirados
Por Luiz Joaquim | 14.08.2013 (quarta-feira)
GRAMADO (RS) – A noite de segunda-feira foi a terceira da mostra competitiva deste 41º Festival de Cinema de Gramado. E não foi exatamente empolgante. O último filme da noite era o único longa-metragem documentário brasileiro na disputa pelo troféu Kikito. Chama-se “Revelando Sebastião Salgado” e foi dirigido por Betse de Paula (mesma de “Vendo ou Alugo”, em cartaz hoje no Recife).
Na apresentação, Betse defendeu seu filme dizendo que era o primeiro documentário sobre o fotógrafo que era falado em português, a língua natural deste mineiro. Isto daria uma fluência maior a sua expressão.
Não há dúvidas sobre o poder de sedução na fala culta do economista que deixou o ramo em 1970 para tornar um dos fotógrafos mais respeitados do mundo. Mas se há um mérito no filme de Betse está concentrada só aí. Neste poder da fala de Salgado, intercalado por uma série de enquadramentos de fotos estonteantes.
Do ponto de vista cinematográfico, “Revelando…” é pobre. Soa como a entrevista que é, realizada em apenas dois dias no apartamento em Paris do personagem. Uma das poucas interferências fílmicas da obra chega a incomodar. Acontece quando efeitos especiais ilustram sonoramente as falas do fotógrafo.
O representante latino da noite foi a retumbante decepção argentina chamada “Venimos de Muy Lejos”, de Ricardo Piterbarg. Em seus intermináveis 105 minutos sobre a chegada ao país de imigrantes no início do século 20 e sua cultura teatral comunitária, o documentário parecia um espiral de informações mal montadas.
Na disputa entre os curtas-metragens, a noite viu a animação que veio de Goiás, chamado “Faroeste: Um Autêntico Western”, de Wesley Rodrigues. Apesar de um tanto extenso e reiterativo, a animação em 2D – que concorrerá em Brasília em setembro – consegue segurar bem a atenção do espectador.
Tem traços interessantes e uma história inusitada. Conta a saga de um pássaro bebê que vê sua família dizimada e, adulto, resolve se vingar num duelo com o vilão.
Já o gaúcho “Tomou Café e Esperou”, de Emiliano Cunha, seguiu o caminho oposto. Apostou na ambiência cinematográfica (incluindo sons e ruídos) para falar de um tempo que se torna indefinido quando motivado por emoções fortes.
*Viagem a convite do festival
PS – O cineasta alemão Win Wenders prepara um filme inspirado no projeto “Gênesis”, de Sebastião Salgado, no qual o fotógrafo registra lugares ainda virgens na Terra, que inspiram a imagem de como fora a criação do mundo.
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