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Festivais

41o. Gramado (2013) – noite 5

Virada latina em Gramado

Por Luiz Joaquim | 15.08.2013 (quinta-feira)

GRAMADO (RS) – De um modo geral, esta 41º edição do Festival de Gramado do Cinema Brasileiro tem sido marcada pela soberania técnica e artística da competição brasileira de longas-metragens sobre a competição latina. Na noite de terça-feira o jogo virou.

O documentário “Repare Bem”, de Maria de Medeiros, atendeu as boas expectativas em torno dele, enquanto a ficção paulista “A Bruta Flor do Querer”, de Andradina Azevedo e Dida Andrade incomodou (no mau sentido) com toda sua ingenuidade juvenil e cinematográfica.

O doc. dirigido pela atriz de “Pulp Fiction” foi uma encomenda do Instituto Via BR, uma organização interessada em discutir questões sociais brasileiros. O projeto venceu um edital da Comissão de Anistia sobre preservação, memória e difusão do acervo político da Comissão.

Roteirizado pela própria Medeiros, o filme alterna uma longa conversa com Denise Crispim e sua filha Eduarda, residente na Holanda. Denise era a companheira de Eduardo Leite “Bacuri”, guerrilheiro que suportou mais de 100 dias de tortura, vindo a ser assassinado pelos militares em 1970.

Grávida de Eduarda naquele ano, Denise resgata no filme – com envolvente eloquência e extrema emoção – as próprias torturas que sofreu, como quando foi literalmente jogada numa jaula de leões. Já Eduarda conta o trauma de ter crescido sem nenhuma referência do pai.

Filmes com relatos sobre a brutalidade da Ditadura não são incomuns, mas poucos funcionam bem com tão pouco recursos cinematográficos com este de Medeiros. Há ainda uma interessante relação feita entre o apartamento de Eduarda na Itália com o filme “Um Dia Muito Especial” (1977).

Após uma homenagem com Lima Duarte e Hermano Penna, ator e diretor de “Sargento Getúlio”, pelos 30 anos de sua premiação em Gramado, foi exibido “A Bruta Flor do Querer”. Dividido em cinco parte, o enredo segue Diego, paulistano de 20 e poucos anos recém-formado em cinema.

Dono de um vazio existencial juvenil, o rapaz tem um forte problema de autoestima pessoal (tem um paixão platônica não correspondida) e profissional (trabalha filmando casamentos).

Descrito assim, “A Bruta Flor…” até poderia render uma dramaturgia interessante, mas isto não acontece aqui. A produção com narrativa simples resume-se a uma lamentação chata e rasa de personagens se aliviam com sexo fácil. A cena final, com Diego dirigindo-se ao espectador, beira ao constrangimento.

A seleção de curtas-metragens na terça-feira revelou duas joias: “Os Irmãos Mai”, de Thais Fujinaga, e o mineiro/maranhense “Sanã”, de Marcos Pimentel. A paulista Fujinaga com este novo trabalho após seu anterior – “L” -, reforça-se como um nome a ser guardado.

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