41º Gramado (2013) – noite 6
Os Amigos mostra sua força em Gramado
Por Luiz Joaquim | 16.08.2013 (sexta-feira)
GRAMADO (RS) – A noite de quarta-feira apresentou uma programação atípica no 41º Festival de Cinema de Gramado. Não houve exibição de longa-metragem estrangeiro, mas sim de dois brasileiros. Foram “Os Amigos”, da paulista Lina Chamie, e o gaúcho “Até que a Sbórnia nos Separe”, animação de fôlego de Otto Guerra Ennio Torresan Jr.
Chamie retoma o universo da urbe paulista influindo diretamente na história e no ânimo ou desânimo que cerca seus personagens, assim como fez no seu anterior e bom “A Via Láctea”, de 2007. Desta vez ela o faz com ainda mais harmonia, mostrando um talento especial para traduzir a personalidade da cidade cinematograficamente.
No filme, acompanhamos um dia na vida do solitário arquiteto Théo (Marco Ricca) que perdeu um amigo de infância. A ida ao velório o faz resgatar lembranças distantes, sonhos, valores e desejos esquecidos, sempre amparado pela amiga Maju (Dira Paes).
Mais que interessante também é a forma como Chamie e a montadora Karen Harley misturam a “fauna” urbana com a fauna de um zoológico, transformando um dia ordinário em São Paulo numa espécie de tragédia grega, pautada pela “Odisseia”, de Homero, encenada por criancinhas. Genial.
Já a “Sbórnia” gaúcha é um trabalho que vem sendo desenvolvido por Otto e Torresan há oito anos. Foi adaptado da peça “Tangos e Tragédias”, de Hique Gomez e Nicolaiewsky; sucesso por aqui há mais de 20 anos.
Conta a história do pequeno país-ilha Sbórnia, cuja proteção contra o continente foi desmontado. Resulta que o país passa a ser explorado, enquanto um músico “sborniano“ tenta o amor impossível da filha do explorador.
Com traços e efeitos belos pela personalidade do desenho, “Até que a Sbórnia…” diverte mas não facilita o acesso aos não-gaúchos a uma história que parece ser tão íntima do Rio Grande do Sul. Destaque para a impressionante edição de som, com ruídos precisos.
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