41º Gramado (2013) – noite 7
As razões de viver de Domingos
Por Luiz Joaquim | 17.08.2013 (sábado)
GRAMADO (SP) – Na penúltima noite competitiva, quinta-feira, do 41º Festival de Cinema de Gramado, a Serra Gaúcha recebeu um querido habitué do evento. Era Domingos Oliveira, 76 anos, que apresentava seu “Primeiro Dia de Um Ano Qualquer”.
É o 16º filme do realizador que segue a mesma estratégia de concepção de seus trabalhos mais recentes a partir de “Separações” (2002). Isto significa reunir os amigos e gravar as encenações de forma muito livre, mas não ignorando a estrutura inteligente de seu roteiro recheado de diálogos que transitam pelo hilário e erudito.
“Primeiro Dia…” foi todo gravado na mansão de veraneio da atriz Maitê Proença. Ali ela interpreta uma famosa atriz no dia 1º de janeiro, quando convive com família e amigos diversos, entre confraternizações e brigas.
Como disse Domingos ao apresentar a sessão, o filme atende cerca de 20 personagens (ele mesmo interpretando um escritor, Napoleão); e todos com conflitos internos sobre seus destinos.
O primeiro longa-metragem da noite foi a co-produção Brasil-Argentina “A Oeste do Fim do Mundo”, de Paulo Nascimento. O cenário aqui é árido, e o protagonista também. Ele é Leon (Cesar Troncoso) que trabalha e vive só num posto de gasolina a beira de uma estrada transcontinental que leva ao Chile.
Certo dia, a brasileira Ana (Fernanda Moro), também fugindo de seu passado, aparece perdida no posto e inicia uma amizade com Leon, cuja solidão era apenas compartilhada com o cínico motoqueiro Silas (Nelson Diniz).
A proposta de “A Oeste…” não é nova. Segue uma já clássica estrutura dramática de unir, com dificuldade, dois solitários que juntos se abastecem de esperança. Neste enredo simples de Nascimento, Troncoso e Diniz, além do árido cenário impactante, tornam as situações críveis e elevam o nível da encenação.
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