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Festivais

41º Gramado (2013) – premiação

Tatuagem é dono de 4 Kikitos

Por Luiz Joaquim | 19.08.2013 (segunda-feira)

“Tatuagem”, o primeiro longa-metragem de ficção dirigido pelo pernambucano Hilton Lacerda, já marcou seu ponto na história do cinema brasileiro. Na noite de sábado, a produção foi consagrada como o melhor filme do 41o Festival de Cinema de Gramado.

De lá também trouxe os troféus Kikitos para Irandhir Santos como melhor ator, e trilha sonora para DJ Dolores, além do prêmio da crítica. Para aqueles que vinham acompanhando o evento, o êxito do filme, inspirado no grupo teatral pernambucano Vivencial (dos anos 1970), não foi um surpresa.

Mas, a característica “pulverizada” da premiação, que endereçou prêmios para todos os títulos concorrentes, deixou dúvidas até a conclusão da cerimônia de encerramento. Isto porque dois Kikitos importantes ficaram com um dos dois filmes mais questionáveis da seleção.

Era a “A Bruta Flor do Querer”, de Andradina Azevedo e Dida Andrade, eleito pela direção (tendo sido julgado por entre outros, Kleber Mendonça Filho, melhor diretor de Gramado no ano passado), e melhor fotografia (com o mestre Affonso Beato no júri). O outro filme menor desta edição, “Revelando Sebastião Salgado”, de Betse de Paula, saiu com a consolação de “Prêmio Especial do Júri”.

Excetuando estes dois casos, a “pulverização” não pareceu injusta, mas sim um reflexo do cuidado da curadoria feita por Rubens Ewald Filho, Marcos Santuário e Jose Wilker na seleção dos títulos brasileiros.

O bonito filme baiano “A Coleção Invisível”, de Bernard Attal, deu a Clarisse Abujamra e a Walmor Chagas (1930-2013) os prêmios de melhor atriz e ator coadjuvantes. Seu terceiro Kikito foi dado pelo júri popular, que também lembrou do gaúcho “Até que a Sbórnia nos Separe”, de Otto Guerra e Enio Torresan Jr. Esta animação também foi tida como a produção com melhor direção de arte.

Ainda com dois Kikitos, saíram “Éden”, de Bruno Safadi – para Leandra Leal como atriz, e o incrível desenho de som de Edson Secco. Já Lina Chamie entregou o troféu a Karen Harley pelo sua montagem em “Os Amigos”.

E, contemplado pelo roteiro, Domingos Oliveira, com seu “O Primeiro Ano de Um Dia Qualquer”, desbancou o favoritismo de “Tatuagem”. O que não foi nenhuma vergonha considerando a inventividade do veterano cineasta para contar a humorada aventura de descobertas internas em um dia na vida de 20 personagens.

Entre os curtas-metragens, destaque para “Acalanto”, de Arturo Sabóia, com cinco troféus: filme, direção, atriz, trilha musical e direção de arte.

Denúncia de Maria de Medeiros sai vencedora
Se a premiação “pulverizada” refletiu , de um modo geral, a boa qualidade da competição de longas-metragens brasileiros, a concentração na disputa estrangeira de quatro Kikitos – de um total de seis – para o colombiano “Caçando Vagalumes”, de Roberto Flores, deu o recado sobre a limitada qualidade dos títulos aqui.

Flores levou os prêmios de direção, atriz, roteiro e fotografia. Eram prêmios que refletiam o rigor estético desse radical filme sobre o reencontro entre pai e filho num lugar a esmo do litoral colombiano.

E se a estética agradou o júri dos estrangeiros, a urgência e orquestração discursiva do político “Repare Bem”, de Maria de Medeiros, agradou muito mais. O documentário que chamou a atenção para as aberrações e reflexos da ditadura pelos fortes depoimentos de Denise e Eduarda Crispim foi eleito o melhor filme da competição na categoria. Ficou ainda com o prêmio da crítica.

O júri popular, por sua vez dedicou seu prêmio à co-produção brasil-argentina “A Oeste do Fim do Mundo”. O filme de Paulo Nascimento, divide as atuações com os atores gaúchos Nelson Diniz e Fernanda Moro, além do chileno Cezar Troncoso, eleito o melhor ator aqui.

O cerimônia também foi marcada com uma premiação ao argentino “Venimos de Muy Lejos”, de Ricardo Piterbarg, concedida por um prêmio especial do júri. Num misto de documentário, dramaturgia e cenas de bastidores, a produção registra a chegada de imigrantes ao pais no início do século 20.

DOM QUIXOTE – Pela primeira vez o prêmio Dom Quixote, concedido pela Federação Internacional de Cineclubes – conhecido em Veneza e Berlim desde os anos 1950 – participa de um festival brasileiro. Premiou em Gramado “Repare Bem”, e deu menção honrosa a “A Oeste do Fim do Mundo” e “Venimos de Muy Lejos”

Premiação completa do 41o. Festival de Gramado

LONGA-METRAGEM NACIONAL
Melhor Filme
“Tatuagem”
Melhor Diretor
Andradina Azevedo e Dida Andrade, por “A Bruta Flor do Querer”
Melhor Ator
Irandhir Santos, por “Tatuagem”
Melhor Atriz
Leandra Leal, por “Éden”
Melhor Roteiro
Domingos Oliveira, por “Primeiro Dia de Um Ano Qualquer”
Melhor Fotografia
Gallo Rivas, por “A Bruta Flor do Querer”
Melhor Montagem
Karim Harley, por “Os Amigos”
Melhor Trilha Musical
Dj. Dolores, por “Tatuagem”
Melhor Direção de Arte
Eloar Guazelli e Pilar Prado, “Até Que A Sbórnia Nos Separe”
Melhor Desenho de Som
Edson Secco, por “Éden”
Melhor Ator Coadjuvante
Walmor Chagas, por “A Coleção Invisível”
Melhor Atriz Coadjuvante
Clarisse Abujamra, por “A Coleção Invisível”
Prêmio Especial do Júri
“Revelando Sebastião Salgado”

LONGA-METRAGEM ESTRANGEIRO
Melhor Filme
“Repare Bem”, de Maria de Medeiro
Melhor Diretor
Roberto Flores Prieto, por “Cazando Luciérnagas”
Melhor Ator
Cesar Troncoso, por “A Oeste do Fim do Mundo”
Melhor Atriz
Valentina Abril, por “Cazando Luciérnagas”
Melhor Roteiro
Cesar Franco Esguerra, por “Cazando Luciérnagas”
Melhor Fotografia
Eduardo Ramirez Gonzalez, por “Cazando Luciérnagas”
Prêmio Especial do Júri
Grupo de Teatro Comunitário Catalinas Sur em “Venimos de Muy Lejos”

CURTA-METRAGEM
Melhor Filme
“Acalanto”
Melhor Diretor
Arturo Sabóia, por “Acalanto”
Melhor Ator
Kauê Telloli, por “A Navalha do Avô”
Melhor Atriz
Léa Garcia, por “Acalanto”
Melhor Roteiro
Francine Barbosa e Pedro Jorge, por “A Navalha do Avô”
Melhor Fotografia
Ale Sameri, por “Arapuca”
Melhor Montagem
Gilberto Scarpa e Vinícius Gotardelo, por “Merda”
Melhor Trilha Musical
Luis Olivieri, por “Acalanto”
Melhor Direção de Arte
Rogério Tavares, por “Acalanto”
Melhor Desenho de Som
Tiago Bela, Rita Zarti, Marcelo Lopes da Silva, por “Tomou Café e Esperou”
Prêmio Especial do Júri
“Os Filmes Estão Vivos”
Menção Honrosa
“Carregadores de Monte”
Prêmio Canal Brasil
”A Navalha do Avô”, de Pedro Jorge
Prêmio Dom Quixote
”Repare Bem”, de Maria de Medeiros. Menção Honrosa: “A Oeste do Fim do Mundo”, de Paulo Nascimento, e “Venimos de Muy Lejos”, de Ricardo Piterbarg
Júri da Crítica
Melhor Curta-metragem: “Os Filmes Estão Vivos”, de Fabiano de Souza e Milton do Prado.
Melhor Longa-metragem estrangeiro: “Repare Bem”, de Maria de Medeiros.
Melhor longa-metragem brasileiro: “Tatuagem”, Hilton Lacerda

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