Boa Sorte, Meu Amor
Daniel vai em busca das raizes com filme
Por Luiz Joaquim | 30.08.2013 (sexta-feira)
Estreia hoje “Boa Sorte, Meu Amor”, (Bra., 2012), que é o debut do pernambucano Daniel Aragão à frente de um longa-metragem. Ainda que tendo sido já premiado por este trabalho ano passado no 45º Festival de Brasília como melhor diretor, Daniel é um realizador em formação. De toda maneira, a carreira e personalidade de seus curtas mais expressivos já desenhavam um perfil daquilo que parece interessá-lo como objeto discursivo e estético.
No primeiro aspecto, Daniel reincide as protagonistas femininas como figuras determinantes no enredo. Na verdade, elas são não apenas oleitmotiv do assunto mas também funcionam de forma independentes e são fortes, diferentemente dos personagens masculinos. Estes últimos metem os pés pelas mãos. Nos dramas criados por Daniel Aragão, as mulheres podem, os homens tentam. Outra curiosidade: o aborto, ou o abuso provocado pelo sexo (seja qual for a natureza desse abuso), é um assunto recorrente nas ficções que cria.
No aspecto estético, Daniel, como profissional bastante interessado em tecnologia que é , explora bem as possibilidades que as câmeras digitais oferecem. Com uma aparente predileção pelo preto e branco, suas fotografias sugerem uma ambiência elegante emoldurando o que quer contar. No caso do longa “Boa Sorte…” esta responsabilidade ficou nas mãos do diretor de fotografia Pedro Sotero.
Tais discursos e estéticas são bem marcadas tanto nos curtas “Uma Vida e Outra” (2006), sobre a escolha de abortar uma gravidez indesejada; em “Não Me Deixe em Casa”, quando a cena de sexo de um casal adolescente vaza na Internet; e é assim no longa-metragem, cuja garota interiorana, Maria (Christiana Ubach, muito bem) bagunça (para o bem) a cabeça do engenheiro playboy que mora no Recife, Dirceu (Vinicius Zinn).
Sendo o longa um projeto mais sofisticado, o discurso também ganha mais espaço e aqui Daniel consegue agregar num só produto sua paixão pela música, pela imagem e pelas mulheres, somados a um interesse particular pelas raízes, pela origem familiar e a confusão sócio-geográfica pernambucana.
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