Círculo de Fogo
Godzillas turbinados
Por Luiz Joaquim | 09.08.2013 (sexta-feira)
Guillermo del Toro, cineasta mexicano, ganhou respeito internacional com seu “A Espinha do Diabo” (2001), depois com os dois “Hellboy” (2002/2008) e finalmente com o ótimo “Labirinto do Fauno” (2006). Credenciou-se assim em Hollywood para chegar onde chegou: a frente deste projeto de US$ 180 milhões chamado “Círculo de Fogo” (Pacific Rim, EUA, 2013), hoje em cartaz nos cinemas.
Bastante elogiado no exterior, o filme chega por aqui sob os auspícios de uma crítica estrangeira que viu nele um sinal de esperança para os já cansados e repetitivos filmes de ação feito pelos grandes estúdios. O leitor não deve, entretanto, ir com tanta sede nesse pote.
Uma informação interessante é que este “Círculo de Fogo é na verdade uma adaptação altamente sofisticada – no aspécto dos efeitos especiais – para os classicos filmes japoneses da produtora Toho.
Neles, monstros colossais, chamados Kaiju, lutavam contra robôs gigantes, destruindo cidades inteiras. Na verdade, eram sempre dois atores vestindo fantasias engraçadas e destroçando pequenas maquetes difícies de convencer alguém. Os mais velhos devem recorder de séries na tevê como “Ultraseven” ou “Robô Gigante“.
No dispendioso filme norte-americano, a história é a mesma. Os Kaiju emergem do mar, por um fenda no fundo do oceano que estava fechada há séculos. Mas no futuro há a tecnologia dos robôs gigantes, chamados Jeager, que podem combatê-los. Mas claro que não com facilidade.
O roteiro de Del Toro e Travis Beachem, na verdade abre uma brecha para tornar a história mais humana. Aqui, os Jeagers precisam de duas pessoas dentro de sua armadura para guiá-los.
Os dois soldados funcionam em comunhão por uma “neuroconectividade”, interagindo um com a mente do outro. E os dois melhores pilotos são os namorados Raleigh (Charlie Hunnam) e Mako (Rinko Kikuchi). Esse “destino” que coloca o casal para lutar junto dá espaço para algumas conversas (rasas) sobre confiança para que as pessoas consigam se conectar.
Mesmo com efeitos de imagem e som impressionantes, alguns realizados inclusive com maquetes em tamanho real, “Círculo de Fogo” parece pecar pelo excesso. Todas as lutas soam como a “luta mais importante”, a “luta final”, só que sempre há algo a ser derrotado. Além de que, com um pouco de raciocínio da lógica bélica, encerraria-se o filme mais cedo.cedo.
PS1 – O ator fetiche de Guillermo del Toro é Ron Perlman. Eles em “Cronos” (1993), “Blade 2” (2002), e nos dois “Hellboys”. Em “Círculo de Fogo” defende um personagem debochado.
PS2 – Em 1998, Hollywood paquerou com as produções da Toho refilmando sua maior estrela: Godzilla. Dirigido por Rolland Ememrich, o filme não deu certo. Em 2014, o lagarto gigante volta aos cinemas sob direção de Gareth Edwards e com, pasmem, Juliette Binoche no elenco.
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