Vendo ou Alugo
exagero pelo escracho
Por Luiz Joaquim | 08.08.2013 (quinta-feira)
Se dependesse de prêmios, “Vendo ou Alugo” (Bra., 2013), terceiro filme de Betse de Paula que estreia hoje nos cinemas, já seria um sucesso de público. Ao menos no Recife, de onde saiu com metade dos troféus no último Cine-PE. Apesar de ter agradado os espectadores do festival recifense, parece ter ficado claro que a comédia destacou-se na competição local mais pela frágil nível dos competidores do que por méritos mais cinematográficos mais nobres do próprio filme.
Na comédia temos quatro mulheres como protagonistas. Elas estão por conta própria, lutando com unhas e dentes, para sobreviver na alta sociedade do Rio de Janeiro. No caso, temos a embaixatriz Maria Eudóxia (Timberg), sua filha Maria Alice (Severo), a neta Baby (Silvia Buarque) e a bisneta Madu (Bia Morgana). É uma família feminina decadente , morando num maltratado casarão há mais de 50 anos, remetendo em certa medida ao documentário “Greys Gardens”, de Albert e David Maysles (1975).
A diferença está no tom do filme brasileiro, que é o do escracho. Quase um pastelão. Afundada em dívidas, a família vive sob a ameaça de perder a casa em leilão. Para se sustentar Maria Alice faz seus bicos, ora comercializando docinhos eróticos, ora traduzindo manual de armas contrabandeadas pelos marginais da favela instalada logo atrás da mansão.
A trama vai definindo seus contornos quando surge um belga (Nicola Lama) com o interesse de comprar o imóvel e transformá-lo num albergue temático, pelo qual a exotismo está na proximidade com a pobreza e a violência dos morros. Na disputa pela casa aparece um trambiqueiro pastor religioso (Andre Mattos).
Com 89 minutos de duração, “Vendo ou Alugo” parece durar mais. O roteiro foi escrito pelas dez mãos de Betse, Maria Lúcia Dahl, Mariza Leão, Adriana Falcão, Júlia de Abreu, Adriana Falcão, e as duas do homem do grupo, José Roberto Torero. No enredo, a dinâmica é grande, e da mesma forma que seus diálogos ligeiros envolvem rapidamente o espectador, também os cansam. Crédito para o grupo feminino no protagonismo, em muito boa harmonia na composição da família maluca.
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