23o Cine Ceara (2013) – noite 3
Melancolia uruguaia e nordestina no Cine Ceará
Por Luiz Joaquim | 11.09.2013 (quarta-feira)
FORTALEZA (CE) – A noite de segunda-feira, a terceira do 23o Cine Ceará: Festival Ibero-americano de Cinema, apresentou, até então, seu mais atraente longa-metragem em competição. Prova disso estava nos aplausos ao final da sessão de “Rincón de Dawin”, produção uruguaia de Diego Fernández Pujol, pela primeira vez a frente de um longa.
Uma das expressões mais usadas por aqui para descrever o espírito do cinema uruguaio é “melancolia” e “minimalismo”. Em debate na manhã de ontem, Fernández justificou que eles não são brasileiros, logo “não me peçam para ser uma coisa que não sou”, explicando sobre uma parcela do espírito melancólico presente na cinematografia contemporânea de seu país.
Mas, ainda que não seja uma comédia – longe disso – “Rincón de Darwin” é carregado de uma ironia humorada e inteligente que surte muito efeito em sua capacidade de gerar risos na plateia.
No espírito de um road-movie, o filme transcorre quase que todo durante o percurso entre Montevideo até Ríncón de Darwin, local que o cientista visitou em 1833 cuja passagem por lá lhe foi fundamental na elaboração de sua Teoria da Evolução.
O enredo vincula as conclusões do cientista com o processo em que os três protagonistas, de três gerações distintas, vivem nessa jornada. O motivo da viagem acontece para que o jovem Gáston (Jorge Temponi) apresente a um escrivão, o senhor Américo (Carlos Frasca), uma casa que o jovem herdou de sua família. Quem os leva é Beto (Jorge Esmoris), sujeito que leva a vida como pode fazendo transportes com sua velhíssima caminhonete.
Há uma variedade de situações criadas por Fernández ao longo do enredo que convencem e funcionam organicamente para que conheçamos cada vez mais estes três homens em suas diferenças e semelhanças.
Dessa maneira, a jornada ajuda Américo a evoluir, enfrentando a separação de sua filha única que irá casar; a Gáston desligar-se da paixão que ainda nutre pela ex-noiva; e de Beto relaxar com sua vida limitada.
A sessão de “Rincón…” foi antecedida pela projeção dos curtas gaúcho “Ed”, de Gabriel Garcia, e a produção pernambucana “Quinha”, dirigida pela paulista Carolina Oliveira. Como representante deste último, está em Fortaleza seu montador João Maria.
Durante entrevista ontem, João Maria lembrou que a formação de Carolina em Nova Iorque, onde reside, emprestou a forma narrativa mais clássica que “Quinha” oferece.
“O filme é seu trabalho de conclusão de curso na New York University e lá todos os outros alunos queriam fazer uma única coisa: um filme sobre casais discutindo a relação dentro de um apartamento. Já Carol arriscou e para fazer seu filme, contratou a Rec Produtores e filmou em Cabaceiras, na Paraíba”, revelou o montador.
A personagem que dá título ao filme é uma menina (Maria Helena) que no caminho de seu batizado procura por milagres, assim como sua mãe (Hermila Guedes) procura o retorno de seu marido.
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