46o Brasília (2013) – noite 2
Problema técnico apaga o brilho do Festival de Brasília
Por Luiz Joaquim | 20.09.2013 (sexta-feira)
BRASÍLIA (DF) – Um problema técnico na projeção roubou o brilho, anteontem, da primeira noite competitiva do 46º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Já passava mais de 20 minutos de exibição do longa-metragem de ficção “Os Pobres Diabos”, de Rosemberg Cariry, quando um estrondoso ruído tomou o lugar do som original do filme. Após duas outras falhas semelhantes, a sessão foi cancelada por determinação do cineasta.
Em pronunciamento oficial na manhã de ontem, o coordenador do festival, Sérgio Fidalgo, explicou que o problema ocorreu porque houve uma sobrecarga no carregamento de vários arquivos dos filmes do festival, disponibilizados no formato Digital Cinema Package (DCP), provocando o travamento do sistema.
“Pedidos desculpas e em comum entendimento com a equipe do filme, estamos programando uma nova sessão do filme para amanhã [hoje], às 22h30, e outra no sábado [amanhã] às 10h da manhã para o publico e imprensa”, adiantou Fidalgo.
Antes do defeito, tudo correu bem na noite de quarta-feira, inclusive com a projeção do curta de animação “Deixem Diana em Paz”, estréia do jornalista Júlio Cavani no cinema. O filme, o único projetado naquela noite em modo analógico 35mm, foi criado a partir do quadrinho homônimo lançado em 2008, cujo roteiro é de Fred Navarro com traços do artista plástico Cavani Rosas, pai de Júlio.
No filme, o diretor anima os desenhos feitos em bico de pena por Rosas tendo Joana Gatis como modelo para dar corpo à protagonista. Uma mulher de 30 anos que deixa a opressão da vida para se dedicar ao sono e a nadar. “O filme vale também como uma reflexão para a vida corrida que levamos, quando trabalhamos mais do que namoramos, descansamos e nos relacionamos com a família”, lembrou Júlio durante a apresentação no Cine Brasília.
Muito bem ambientado pela trilha sonora composta por Carlos Montenegro e Cláudio N., da banda Chambaril, que integrou ruídos à própria melodia da música, “Deixem Diana…” na verdade remete a uma dimensão ainda maior, mais poética, sobre a existência humana, do que apenas ao vínculo com o trabalho. A liberdade que Diana almeja é a mesma liberdade que Júlio e Rosas deram ao encadeamento narrativo do filme, que resultou interessante e envolvente.
DOCUMENTÁRIO – A noite de quarta-feira também exibiu o excelente longa em documentário “Outro Sertão”, no qual Adriana Jacobsen e Soraia Vilela investigam o período de 1938 a 42 quando Guimarães Rosa viveu em Hamburgo (ALE.) como vice-cônsul do Brasil e salvou diversos judeus ameaçados pelo nazismo. O doc. também revela uma linda e inédita entrevista com o escritor, feita em 1962 para a TV alemã.
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