46o Brasília (2013) – noite 3
Indianismo e punk agradam em Brasília
Por Luiz Joaquim | 21.09.2013 (sábado)
BRASÍLIA (SP) – A segunda noite competitiva, na quinta-feira, do 46º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro não foi menos tensa que a primeira. Apesar do longa-metragem de ficção “Depois da Chuva”, dos baianos Cláudio Marques e Marília Hughes, ter sido exibido no formato Digital Cinema Package (DCP) sem problemas, o teste de projeção só foi encerrado no último momento, às 19h30, após diversos ajustes feitos no equipamento durante todo o dia.
O filme encerrou a programação da noite, que incluiu também o documentário em longa-metragem “O Mestre o O Divino”, dirigido pelo mineiro Tiago Campos e produzido pela “Vídeo nas Aldeias”, coordenada pelo cineasta Vincent Carrelli e sediada em Pernambuco.
Neste último, o cenário é Sangradouro, no Mato Grosso, onde conhecemos o missionário alemão Adalbert Heide. Foi ele que nos anos 1950 registrou pela primeira vez imagens em Supe-8 dos Xavantes.
Muito humorado, pela personalidade de Adalbert e seu interesse em reforçar a importância de sua produção em vídeo da cultura Xavante, o filme de Tiago também traça um desenho de amizade e saudável disputa entre o índio cineasta, Divino Tserewahu, e seu mestre Adalbert.
“Depois da Chuva”, por sua vez, parece ter encantado. Numa comunhão de perfeito equilíbrio, o casal Cláudio e Marília, focam as transformações pelas quais passam o garoto Caio ( o excelente Pedro Maia, já candidatíssimo a melhor ator aqui) com o reflorescer da democracia do Brasil de 1984, em plena ebulição nacional pelas “Diretas Já!”
Ali pelos 14 anos de idade, Caio, filho de pais ricos e separados, identifica-se com a anarquia e o espírito punk. Na escola, corre uma disputa pela eleição do grêmio, como um exercício de democracia, e ele conhece uma garota (Sophia Corral). Ela á única pessoal que desestabiliza suas primeiras convicções. Que lhe põe medo. Seu primeiro amor, enfim.
Cláudio e Marília mostraram em seu debut num longa toda sua sensibilidade cinematográfica, no comando firme de uma direção, com inclusive referências explícitas ao filme “Água Fria” (1994), de Olivier Assayas.
Só para ficar no elogio óbvio, que todos farão sobre o “Depois da Chuva”, temos aqui um trabalho que relativiza a popular imagem da Bahia, resgatando um espírito roqueiro cuja pesquisa musical do filme embalou a todos por aqui, resgatando bandas punk, como a baiana Crac, e outras mais conhecidas como a pós-punk Patif Band. “Depois da Chuva” é, assim, uma ode à juventude e ao espírito transformador inerente desse precioso momento da vida.
CURTAS – Quinta-feira também exibiu o curta documental de São Paulo, “O Canto da Lona”, de Thiago Brandimarte Mendonça; a animação brasiliense “RYB”, de Deco Filho e Felipe Benévolo; além da ficção cearense “Lição de Esqui”, de Leonardo Mouramateus e Samuel Brasileiro.
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