X

0 Comentários

Festivais

46o Brasília (2013) – noite 4

A feminilidade e o brega em Brasília

Por Luiz Joaquim | 23.09.2013 (segunda-feira)

BRASILIA (DF) – Mal ganhou as manchetes do País, há pouco mais de 30 dias, pelo 41º Festival de Gramado, com o premiado “Tatuagem” de Hilton Lacerda, e o cinema criado em Pernambuco volta a chamar (bem) a atenção da imprensa nacional. Agora no 46º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro quando, na noite de sábado, aconteceu a primeira exibição de “Amor, Plástico e Barulho”, a estreia na direção de um longa-metragem de ficção de Renata Pinheiro.

Independente de qualquer prévio julgamento crítico sobre o novo filme é preciso reconhecer que ele guarda ao menos um momento antológico para o cinema nacional e a música popular brasileira. Acontece quando a cantora de música brega em processo de decadência, Jaqueline (Maeve Jinkings, exercitando sua sensualidade), canta melancolicamente, e a capela, a canção “Chupa que é de uva”, do grupo Aviões do Forró.

Em entrevista na tarde de ontem, Sérgio Oliveira, produtor e roteirista aqui, reforçou sua aposta na potência poética das canções do gênero, que “muitas vezes é abafada pela própria sonoridade”, acredita. E, sobre esse ponto do filme, ele continua: “a idéia desse plano serviu como um ponto de partida para a criação do filme”.

“Amor, Plástico…” também abre espaço – mais que em “Deserto Feliz” (2007) – para o talento de Nash Laila (como a iniciante dançarina Shelly), que junto a Maeve dominam este filme cujo foco vai bem além de concentrar-se no universo da música brega. Ele diz bastante a respeito de uma vaidade feminina e do desejo por uma liberdade em exercer tal feminilidade.

Defendido como um filme político por Oliveira, “Amor, Plástico…” agrega ao universo fulgaz da música brega, as transformações pela qual o Recife vem passando em seu urbanismo. O cenário principal no filme é a comunidade de Brasília Teimosa e o bairro do Pina, com as transformações provocadas com a chegada ali de um gigantesco shopping center.

“A cidade se desconstrói e reconstrói o tempo todo”, diz Sérgio. É algo tão descartável como o presente vivido por Jaqueline e o futuro que viverá Shelly no enredo. Agregada às imagens criadas para o filme, estão também outras tiradas da internet que reforçam a idéia de um capitalismo selvagem, de um culto ao descartável e ao sucesso instantâneo.

DOCUMENTÁRIO – A noite de sábado mostrou também o melhor doc. da competição até então. Em “Morro dos Prazeres” Maria Augusta Ramos (de “Justiça” e “Juizo“) observa a relação entre a polícia da UPP no morro título do filme e os moradores daquela comunidade. Tão complexo quanto a situação social imposta pela presença das UPPs, o filme vai na jugular da questão ao traduzir os aspectos humanos dos dois lados.

Mais Recentes

Publicidade

Publicidade