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Festivais

46o. Brasília (2013) -noite 6

Paula Gaitan sugere sensações em Brasília

Por Luiz Joaquim | 25.09.2013 (quarta-feira)

BRASÍLIA (DF) – Após a exibição do título “Exilados do Vulcão”, fechando a mostra competitiva deste 46º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, podia-se já dizer que o júri oficial não teria um trabalho fácil. Este filme, que também foi o longa-metragem de estréia numa ficção feito por Paula Gaitan, apresentou segunda-feira diversas qualidades. Estas eram tão particulares quanto distantes das outras qualidades apresentadas pelos seus concorrentes.

Em “Exilados…” Paula não tem interesse em amarrar um enredo da maneira tradicional, pelo qual, ao o acompanharmos fielmente encontraremos todas as respostas para as inquietações de sua protagonista, que nem nome possui.

A ideia temporal de passado, presente ou mesmo de um espaço paralelo (de um desejo de lembrança ou anseio de futuro) também não são dados objetivos aqui. Paula assim, aposta na capacidade do espectador em identificar-se com as dores e os prazeres gerados pela situação de uma pessoa a quem se amou e não está mais aqui.

Tais sugestões de sensações no cinema poderiam ser desastrosas, ou simplesmente incompreensíveis, se não viessem, como vêm aqui, acompanhadas de uma assinatura conceitual coesa, forte. E não apenas por isso, mas também por uma acuidade técnica (fotografia, som, montagem, trilha sonora, performance dos atores) que de fato suga seu público pela composição do belo que consegue montar.

O resultado é que a beleza dessa representação, aqui, de dores e prazeres, gerou imagens combinadas à sons particulares que serão difíceis de esquecer.

Não se pode dizer que “Exilados…” seja um filme fácil, e a própria debandada de metade da platéia antes do final da sessão apontava assim. Isto, entretanto, não pode de forma alguma ser usado para defini-lo como um filme desimportante.

Antes, a competitiva de longas em documentário exibiu “A Arte do Renascimento: Uma Cinebiografia de Silvio Tendler”, de Noilton Nunes. Como diz o título auto-explicativo, a produção chama a atenção para o cineasta Tendler, documentarista que foi acometido por uma doença que o deixou tetraplégico.

A partir de uma operação na medula, passou lentamente a recuperar o ímpeto pela vida. O filme deriva para outras questões a partir das limitações físicas de Tendler, que são as limitações do País. A obra foi efusivamente aplaudida no Cine Brasília.

Já a competição de curtas-metragens deu lugar ao brilho e talento dos mineiros. Chamou a atenção pela lúgubre e bela animação “Quinto Andar”, de Marco Nick, e a melancólica ficção “Tremor”, de Ricardo Alves Jr. Neste último acompanhamos um momento indescritível na vida de qualquer pessoa, a de reconhecer o corpo de uma pessoa amada no IML.

DEBUTANDO – Assim como Paula Gaitan, outros diretores estrearam aqui em Brasília a sua experiência a frente de um longa-metragem de ficção. São eles: Renata Pinheiro, Michael Wahrmann, Paulo Sacramento e o casal Cláudio Marques e Marília Hughes. O único veterano neste gênero da seleção foi o cearense Rosemberg Cariry.

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