BRASILIA (DF) – Tudo ia muito bem na noite de ontem (18/09), a primeira da mostra competitiva no 46o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, até que a projeção do longa-metragem de ficção “Os Pobres Diabos”, do cearense Rosemberg Cariry, foi acometida por um problema na projeção.

Com exibições acontecendo pela primeira vez neste festival no formato digital que vem se estabelecendo no mercado mundial de cinema – conhecido como Digital Cinema Package (DCP) – “Os Pobres Diabos” foi o primeiro a passar por essa experiência por aqui. Sua sessão foi interrompida por volta dos primeiros 20 minutos de exibição, pois o filme teve o som comprometido por um ruído constante e estrondoso

Depois de resgatado o ponto onde havia falhado e prosseguir normalmente com a projeção, o mesmo problema voltou a ocorrer mais duas vezes em intervalos de também 20 minutos. Na terceira falha a organização do festival suspendeu de vez a sessão por pedido de Rosemberg.

O diretor de fotografia do filme, Petrus Cariry, comentou que durante o teste de projeção ocorrida na tarde do mesmo dia, foram projetados apenas trechos da obra, que exibiram sem problemas. “Este mesmo arquivo do filme foi usado numa sessão que encerrou o Cine Ceará no sábado (14/09). O projetor e o servidor digital de lá são da mesma marca dos que estão aqui”, comentou transtornado logo após o cancelamento.

Em meio a confusão, o coordenador do festival Sérgio Fidalgo se disse arrependido por ter optado utilizar o DCP nesta edição do evento. ”O problema pode ocorrer novamente e ainda não temos certeza se será solucionado até o final do festival”, disse, aumentando a tensão dos outros realizadores que ainda têm seus trabalhos a serem lançados até o final da mostra competitiva, na próxima segunda-feira (23/09).

Enquanto parte do público exigia o dinheiro do ingresso (R$ 12) de volta na bilheteria, o diretor Rosemberg, desolado e choroso, pedia pessoalmente desculpas às pessoas que saíam do Cine Brasília. Seu filme, cujo elenco conta com Chico Diaz e Silvia Buarque, segue a rotina de uma circo popular que chega a Aracati, no sertão nordestino, e sob muito sacrifício encena a chegada do cangaceiro Lamparina ao inferno.

“Os Pobres Diabos” vinha conquistando bem a platéia num crescente de beleza dramatúrgica, fotográfica, cenográfica e de interpretação. Antes dele, exibiram sem problemas em outros formatos digitais, diferentes do DCP, os curtas “Luna e Cínara”, de Clara Linhart; e “Sylvia”, de Artur Ianckievicz; além do documentário em longa-metragem “Outro Sertão”, de Adriana Jacobsen e Soraia Vilela. Exibiu também o curta em animação “Deixem Diana em Paz”, do pernambucano Júlio Cavani. Este no tradicional formato analógico de película em 35mm.