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Reportagens

Ao redor do Oscar

Produção de Pernambuco, pela segunda vez, ganha nova chance de chegar ao Oscar.

Por Luiz Joaquim | 21.09.2013 (sábado)

BRASÍLIA (DF) – “O Som ao Redor”, primeiro longa-metragem de ficção de Kleber Mendonça Filho” é o filme indicado pelo Ministério da Cultura (MinC) para representar o Brasil na disputa por uma vaga entre os cinco títulos internacionais que irão concorrer na categoria de “filmes de língua estrangeira” na festa do Oscar 2014.

Apesar da imprevisibilidade, comum nesse tipo de seleção envolvendo tensões políticas para além da qualidade do filme, a notícia divulgada na tarde de ontem não pegou nenhum especialista de surpresa.

Isto porque “O Som ao Redor” já iniciou vitorioso na sua primeira exibição no Festival de Roterdã, em janeiro de 2012, quando ali levou o prêmio da crítica internacional (Fripesci).

Depois de lançado no Brasil, pelo Festival de Gramado em agosto do mesmo ano, também teve o já histórico reconhecimento pelo jornal The New York Times, em dezembro, quando o crítico A. O. Scott o colocou em 9º lugar em sua lista dos 15 melhores filmes de ficção de 2012.

Mendonça estaria em Brasília acompanhando o 46º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, para o qual trabalhou na seleção dos filmes aqui em competição, mas permaneceu no Recife por compromissos profissionais.

Ao falar com a reportagem da Folha por telefone, o cineasta ainda não havia recebido a comunicação oficial do MinC, e ressaltou que independente de qualquer resultado no futuro, ficando ou não entre os finalistas que brigarão pelo Oscar, a indicação do MinC já é muito interessante.

“Muitas vezes a gente lê uma notícia sobre um filme de um país distante e no meio do texto descobre uma vírgula pontuando que aquele filme foi o indicado do país para representá-lo no Oscar”, aponta o cineasta.

O feito de “O Som ao Redor” não é inédito para Pernambuco. O cinema feito no Estado teve pela primeira vez essa repercussão com a indicação em 2006 de “Cinema, Aspirinas e Urubus”, de Marcelo Gomes. Kleber acha interessante essa “quebra de molde” nesse processo, apontando para um filme pequeno, fora do eixo Rio-São Paulo.

Como próximo movimento, o cineasta diz que deve seguir um protocolo necessário, pelo qual deve promover uma campanha nos EUA. “É mais um passo que vamos dar. O filme já vem dando muito trabalho nestes seus 21 meses de vida pública”.

E continua. “Uma coisa boa é que o filme já passou, naturalmente, por um lançamento nos cinemas de Los Angeles. Me parece que este é um dos requisitos a serem cumpridos. Só depois da indicação do País é que muito gente tem de arrumar um jeito burocrático de estrear seu filme lá”, explica.

Kleber só lamenta que o blu-ray de “O Som ao Redor” – no qual vem trabalhando há um tempo – já não esteja hoje pronto para o mercado nesse momento festivo. “Nunca imaginei que daria tanto trabalho. Ele [o blu-ray] deve ficar pronto lá pelo meio de outubro”, concluiu.

Em tempo – Só no dia 16 de janeiro de 2014 é divulgada a definição da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood sobre os filmes estrangeiros que de fato concorrerão à estatueta na cerimônia de entrega, marcada para 6 de março de 2014 em Los Angeles.

“O Som ao Redor” fez quase cem mil espectadores quando lançado comercialmente no Brasil, em janeiro de 2013, e exibiu em mais de 40 festivais de cinema pelo mundo.

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