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Críticas

O Ataque

Casa Branca é invadida de novo no longa-metragem “O Ataque”, que estreia hoje

Por Luiz Joaquim | 06.09.2013 (sexta-feira)

O cineasta alemão Roland Emmerich, habituado a destruir cidades em seus filmes, obras catastróficas em vários sentidos como “O Dia Depois de Amanhã” (2004) e “2012” (2009), volta a derrubar helicópteros e explodir tanques em “O Ataque” (White House Down, EUA, 2013). O alvo é a Casa Branca, a sede do congresso norte-americano que voa em pedaços enquanto a bandeira dos EUA balança intrépida.

Na história, o segurança Cale (Channing Tatum) visita a Casa Branca com a filha no dia em que bandidos invadem o local. O presidente Sawyer (Jamie Foxx), que tenta aprovar no congresso a retirada das tropas norte-americanas do Oriente, é traído por forças internas e conta apenas com Cale para enfrentar grupo de ex-soldados e ladrões treinados em combate.

Observando apenas a ação, há a carga pesada de adrenalina, tiros, granadas, mísseis e bombas mas nada de sangue porque implicaria em restrições na classificação etária. O problema do filme parece ser o excesso, a necessidade de repetir cenas com o mesmo propósito, sequências que não agregam novidades ao enredo, apenas modificam o alvo: prédios são explodidos, depois carros, em seguida helicópteros.

É curioso pensar o filme como emblema de um novo horizonte político, comparando com “Independence Day” (1996), do mesmo diretor. Há uma transformação que denuncia mudanças de paradigmas. Em 1996, no período do governo de Bill Clinton, Will Smith era o militar que defendia o presidente branco e galã interpretado por Bill Pullman, enquanto agora é Channing Tatum quem arrisca a vida para salvar o líder máximo, Jamie Foxx. O fato de Barack Obama estar na presidência parece ter aberto a possibilidade para a indústria cultural aproveitar ideias que eram possíveis apenas no cinema alternativo. Não há coragem ou ativismo político: são mudanças permitidas apenas porque a realidade oferece suporte. Em Hollywood, ir contra a maioria, mesmo quando parece correto, é improvável.

Na história temos outros exemplos: o presidente ordena a retirada do exército do Oriente, irritando pessoas de poder, afirmando que a indústria armamentista custa aproximadamente U$ 3 trilhões. “Imaginem esse dinheiro indo para a saúde, a educação”, diz o presidente. É o tipo de argumento correto que não apareceria, por exemplo, quando George W. Bush era presidente – mas hoje, quando a tendência é debater o custo das guerras e a necessidade de apoiar causas humanistas, é quase uma imposição. É um filme que se alinha ideologicamente com a pauta do dia, endossando o que a maioria apoia, sem interesse de provocar ou contestar ideais.

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