37a Mostra (2013) – dia 5
Biachi volta a incomodar com “Jogo das Decapitações”
Por Luiz Joaquim | 23.10.2013 (quarta-feira)
SAO PAULO (SP) – Estava bem concorrido, na noite de segunda-feira, o acesso a sala 1 do Espaço Itaú de Cinema, na rua Augusta, São Paulo. A razão: era a primeira exibição nesta 37a Mostra Internacional de Cinema de SP do novo filme de Sérgio Bianchi, “O Jogo das Decapitações”.
Tendo já sido projetado no Festival do Rio, semanas antes, “O Jogo das Decapitações” mostra um Bianchi com o qual o seu espectador mais contemporâneo, da última década, já é familiarizado.
Isso se traduz numa filmografia com títulos que atiram em diversas direções contra o status quo da sociedade brasileira. Com ironia, violência e virulência no discurso, Bianchi bateu forte nas ONGs e nos conflitos entre as classes sociais em “Cronicamente Inviável” (2000).
Provocou a partir do sistema escravocrata do passado no Brasil e sua reprodução velada nos dias de hoje em “Quanto Vale, Ou É por Quilo?” (2005), e agora, no mesmo espírito deste dois títulos, incomoda ao sugestionar uma certa “conveniência” dos ressarcidos com centenas de milhares de Reais pelo sofrimento durante a Ditadura Militar nos anos 1970.
O enredo concentra-se em Leandro (Fernando Alves Pinto) filho de uma ex-torturada no passado e hoje dona de uma ONG. Ela está prestes a receber uma indenização e Leandro trabalha para concluir um mestrado sobre o regime militar. Até que ele se depara com a obra de seu pai, um artista marginal daquele período, e passa a buscar o seu filme: “Jogo das Decapitações” (na verdade “Maldita Coincidência”, feito por Biachi em 1979).
Apesar de alguns excessos e uma certa fragilidade na coesão de seu discurso, “Jogo das Decapitações” é um típico trabalho de Bianchi que deve incomodar muita gente quando for lançado comercialmente.
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