X

0 Comentários

Reportagens

Sobral: O Homem que Não Tinha Preço

Em memória da ética

Por Luiz Joaquim | 15.10.2013 (terça-feira)

O documentário “Sobral: O Homem que Não Tinha Preço”, de Paula Fiuza, só estreia dia 1º de novembro, mas já na noite da terça-feira (01/10) a realizadora esteve no Recife e promoveu uma sessão informal para convidados na Universidade Católica de Pernambuco. Ocasião em que também participou de um bate papo com os convidados sobre o respeitado jurista – avô da diretora – que dá título ao filme.

Foi exatamente para aproximar-se mais da figura do avô Sobral Pinto (1893-1991), que Fiuza decidiu mergulhar neste projeto que investiga a sua trajetória e obstinação pela justiça. “Quando adolescente eu não entendia a dimensão de sua importância para o Brasil. Só aos 16 anos, quando fui para a manifestação pelas Diretas Já na Cinelândia [Rio de Janeiro] em 1984 e o vi inflamando um milhão de pessoas ao invocar o artigo 1º da Constituição foi quando comecei a entender quem era meu avô”, relembrou.

É exatamento por essa experiência pessoal que a diretora inicia seu filme. Com imagens de arquivos do Centro de Documentação da TV Globo, vemos o octagenário frágil mas firme e tão empenhado pelo cumprimento da lei quanto o era no passado, quando sozinho defendeu figuras como Luis Carlos Prestes, Graciliano Ramos, Juscelino Kubitschek e Miguel Arraes em respeito a liberdade civil e aos direitos humanos.

“A medida em que ia abrindo o baú e pesquisando para o projeto, descobria coisa incríveis. Tive a sensação de que ele esteve em todos os momentos importantes da história recente do País”, diz a realizadora.

E Fizua conseguiu transpor essa impressão ao filme quando registrou a participação do jurista tanto na criação de um movimento que garantiu a posse de JK – seu oponente político – à época ameçada por um golpe, quanto na luta pela verdade por trás do assassinato do estudante Edson Luís de LIma pelo militares em 1968.

“Todas as portas foram facilmente abertas quando eu dizia que fazia sobre o meu avô, mas muita coisa ficou de fora da edição final do filme. Eram histórias igualmente incríveis, como a que ele peitou os militares que queriam prender sua secretária que lhe serviu por 15 anos”, recorda.

“Acho que este longo silêncio sobre a figura de Sobral após sua morte, se dá até mesmo por uma opção de discrição da família. Mas sendo ele o exemplo de figura ética que foi, acho que o filme poderá nos ajudar a resgatar esse valor”, concluiu.

ARRAES – Foi graças a intervenção de Sobral Pinto que o governador Miguel Arraes (1916-2005) pôde volta a Pernambuco do arquipélago de Fernando de Noronha em 1965, para onde foi levado pelo golpe militar 11 meses antes. De volta ao continente, o governador seguiria em exílio para a Argélia. Quem conta essa história no filme de Paula Fiuza é Dona Magdalena Arraes, viúva do político.

Mais Recentes

Publicidade

Publicidade