8a Mostra Direitos Humanos (2013)
Cinema pela igualdade social
Por Luiz Joaquim | 29.12.2013 (domingo)
Num mundo ideal não precisaríamos de um festival de cinema para nos lembrar que portadores de necessidades especiais ou pessoas vitimizadas por questões etnicas ou sexuais devem ser tratadas com respeito. Mas, enquanto esse momento não chega, a Mostra de Cinema e Direitos Humanos na América do Sul (MCDH) faz bem seu papel e hoje, em sua 8ª edição, ela chega ao Recife, no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, e fica até quarta-feira (4/12).
Desde o ano passado, sob a curadoria de Francisco César Filho, a MCDH ganhou uma personalidade mais atraente também para quem está interessado na qualidade fílmica, agregando assim consciência social ao prazer cinematográfico. Nesta edição, por exemplo, a mostra homenageia o mestre paraibano Vladimir Carvalho que, com seu histórico de documentários revela uma história não-oficial de um Brasil desigual.
Na programação será possível ver, de Vladimir, “Conterrâneos Velhos de Guerra” (1991); “Brasília Segundo Feldman” (1979); “O País de São Saruê” (1971); “Barra 68 – Sem Perder a Ternura” (2001); “O Evangelho Segundo Teotônio” (1984).
Outro segmento especial dentro da MCDH é dedicado ao cinema indígeno. Alguns são filmes reconhecidos por grandes festivais de cinema no Brasil, como o pernambucano “As Hiper-Mulheres”, de Leo Sette, premiado em Gramado 2011. Estão aqui também Bicicletas de “Nhanderu”, de Patrícia Ferreira e Ariel Ortega; “Kene Yuxi, as voltas do Kene”, de Zezinho Yube; “PI´ÕNHITSI, Mulheres Xavantes sem Nome”, de Divino Tserewahú e Tiago Torres Brasil.
O título que abre hoje o evento às 18h é o curta-metragem pernambucano “A Onda Traz, O Vento Leva”, de Gabriel Mascaro, protagonizado por um surdo-mudo portador do virus HIV. Será seguido pelo animação em longa “Uma HIstória de Amor e Fúria”, de Luiz Bolognese, cujo roteiro passeia pelo período colonial do Brasil, a Revolta dos Balaios, regime militar dos anos 1960, e um futuro, quando a luta é pela pela água.
Entre alguns títulos inéditos no Recife está o documentáro “Os Dias com Ele”, de Maria Clara Escobar, vencedor da Mostra de Cinema de Tiradentes deste ano. No filme, a cineasta faz uma sofisticada busca pela identidade a partir de conversas em Portugal com seu pai, o dramaturgo, intelectual comunista torturado na ditadura militar, Carlos Henrique Escobar.
“Este filme é sobre eu ou sobre você?”, questiona o pai, que na busca de Maria Clara com seu filme insiste em dizer explicitamente que, com essa obra, quer entender as lacunas deixadas pela Ditadura e pela separação dos dois.
A 8ª edição da Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul é uma realização da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, em parceria com o Ministério da Cultura. Todas as sessões são gratuitas.
Em tempo – No último dia 05, “Uma História de Amor e Fúria” ficou entre os 19 pré-selecionados da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood para concorrer ao Oscar 2013. Em janeiro, cinco destes 19 serão escolhidos para a disputa final em março de 2014 para o prêmio de Melhor Longa-metragem de animação.
Programação
29 de Novembro
18h ABERTURA
A onda traz, o vento leva (28’) – Uma história de amor e fúria (75’)
30 de Novembro
Cinema da Fundação
14h – Codinome Beija-Flor (16’) – Repare bem (95’)
16h – O prisioneiro (24’) – Ilegal.co (70’)
18h – Conterrâneos velhos de guerra (153’)
Sala João Cardoso Ayres
21h – Kene Yuxi, as voltas do Kene (48’)
01 de Dezembro
Cinema da Fundação
14h – Malunguinho (15’) – Paralelo 10 (87’)
16h – Silêncio (12’) – Sibila (95’)
18h – Quando a casa é a rua (35’) – Em busca de um lugar comum (80’)
Sala João Cardoso Ayres
20h – Leve-me pra sair (19’) – Kátia (74’)
02 de Dezembro
Cinema da Fundação
14h – Caixa d´água: Qui-lombo é esse? (25’) – Doméstica (75’)
16h – Brasília segundo Feldman (22’) – O país de São Saruê (80’)
18h – As hipermulheres (80’)
20h – Transformer AK-47s into gruitars (5’) – Colombia: Wayuu “Gold” (9’) – Argentina: Dreaming of a clean river (6’) – Los descendientes del jaguar (29’) – Paredes invisíveis: Hanseníase região Norte (37’)
03 de Dezembro
Cinema da Fundação
14h – Barra 68 – Sem perder a ternura (82’)
16h – Maio, nosso maio (12’) – Insurgentes (83’)
18h – Bicicletas de Nhanderu (48’) – PI’ÕNHITSI – Mulheres xavantes sem nome (54’)
Sala João Cardoso Ayres
20h – Carga viva (18’) – A cidade é uma só (73’)
04 de Dezembro
Cinema da Fundação
14h – Acalanto (23’) – As Iracemas (84’)
16h – Os dias com ele (107’)
18h – O evangelho segundo Teotônio (85’)
Sala João Cardoso Ayres
20h – Caíto (70’)
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