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Críticas

Até que A Sorte nos Separe 2

Um jeito brasileiro de rir de piadas hollywoodianas

Por Luiz Joaquim | 27.12.2013 (sexta-feira)

Roberto Santucci, diretor de “Até que a Sorte nos Separe 2” (Bra., 2013) – que estreia hoje – mostra como esta nova produção está cada vez mais aprimorada na competência de abrasileirar escrachos cômicos hollywoodianos. Não que isto, do ponto de vista cinematográfico, seja um elogio mas é sem dúvida um passo adiante no claro objetivo de produzir lucro pelo circuito nacional de exibição deste mercado.

Pelo viés dos sucesso de bilheteria, Santucci – cineasta cuja formação passou pela Universidade da Califórnia – é hoje um nome forte no Brasil. Das globochanchadas lançadas nos últimos anos, ele assina “De Pernas pro Ar 1 e 2” (2010, 2012) e o primeiro “Até que a Sorte nos Separe” (2012), entre outros.

Dos últimos meses do ano passado até os primeiros do corrente, a comédia protagonizada por Ingrid Guimarães vendeu quase 5 mlhões de ingressos, e a outra liderada por Leandro Hassum amealhou quase 3,5 milhões de espectadores. Com números assim, é como se a lógica do mercado determinasse que sequências fossem feitas.

O projeto “De Pernas pro Ar 3”, por exemplo, existe e deve chegar aos cinemas em 2015. Já a franquia “Até que a Sorte…” também não deve encerrar seu histórico neste novo filme 2. Aqui, Santucci administra o roteiro escrito por Chico Soares e Paulo Cursino (este último, um antigo parceiro do diretor).

Na enredo de “Até que a Sorte nos Separe 2” a internacionalização da história segue uma linha iniciada com “De Pernas pro Ar 2”, que levou o elenco do filme para Nova Iorque. Já o gordo Hassum e sua trupe, no caso, foram para Las Vegas. A historinha que o coloca na mesma situação do filme 1 – ou seja, tornando-o um estragado rico acidental – conta que hoje, três anos após ter perdido a fortuna da loteria, Tito (Hassum) e sua esposa Jane (Camila Morgado) herdaram R$ 100 milhões pela morte de um tio.

O valor a ser dividido com a mãe de Jane, Estela (Arlete Salles), que odeia Tito, só será recebido pelo grupo se uma condição for cumprida. Que as cinzas do falecido sejam jogadas no Grand Canyon (EUA) pela mulher que ele amou na juventude (Berta Loran, bem aproveitada aqui em raro personagem dramático).

A circunstância no estrangeiro é aproveitada no roteiro para criar as habituais graças de problemas com o idioma inglês, além de dar uma piscadela com uma breguice própria de novos ricos do Brasil e do mundo que se deslumbram com os excessos kitsch de Las Vegas.

As piadas se sustentam pela capacidade do protagonista em cometer acidentes e perder dinheiro rápido no cassino, assim como a presença de participações como as do lutador Anderson Silva e a mais que especial de Jerry Lewis. O rei do riso norte-americano surge aqui como um carregador de malas do hotel É uma aparição rápida e apática, mas que ganha maior sentido – mesmo que ainda frouxa – no final do filme.

Com uma diversidade de situações criadas com Tito fugindo de um mafiosos mexicano (Charles Paraventi) – próprias de centenas de comédias norte-americacas – “Até que a Sorte… 2” se sustenta graças ao dinamismo dessas possibilidades, mesmo que gritantemente clichês, como a do animal que morde a genitália do gordinho num motel vagabundo, lembrando “Quem Vai Ficar com Mary?”.

A melhor piada do filme, entretanto, é aquela em que o filme faz humor contra si próprio, ou seja, o cinema brasileiro pasteurizado. Acontece num flashback em que vemos Jane anunciando à mãe que casaria com Tito. A situação é uma sátira a clássica cena em que a mesma atriz, Morgado, anuncia que está grávida de Luís Carlos Prestes em “Olga”, de Jayme Monjardin.

Em tempo 1 – O cineasta Roberto Santucci tem incluído também em seu currículo a comédia “Odeio o Dia dos Namorados” (2013) e o policial “Bellini e A Esfinge” (2002).

Em tempo 2 – Danielle Winits, que interpretava Jane no filme 1, não pôde trabalhar no filme 2 uma vez que a Rede Globo não a liberou para a produção por ela estar envolvida no elenco da novela “Amor à Vida”.

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