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Críticas

Carrie: A Estranha (2013)

Mesmo sangue, nova cara

Por Luiz Joaquim | 06.12.2013 (sexta-feira)

Os cinemas exibem hoje a refilmagem de “Carrie: A Estranha”, a partir do clássico originalmente feito em 1976 por Brian De Palma. Obra por sua vez, adaptada do livro homônimo de Stephen King. Neste nova perspectiva cinematográfica sobre a história da adolescente complexada e dotada de poderes telecinéticos, a diretora Kimberly Peirce (de “Meninos não Choram”) parece ter feito tudo o que lhe foi possível para tornar a nova versão em algo digno.

Seu esforço é visível ao percebemos a riqueza na composição das imagens que desenvolveu aqui, combinadas com uma fluidez harmoniosa na narrativa que imprime. Já o roteiro assinado por Lawrence D. Cohen e Roberto Aguirre-Sacasa, se por um lado preocupou-se em atualizar a representação dos conflitos e comportamentos das adolescentes da história para o mundo contemporâneo, por outro lado foi condescendente com um ou outro diálogo quase cômico.

Mas parece não haver maior pecado neste novo “Carrie” que seu elenco principal. A indefesa Carrie vivida por Sissy Spacek em 1976 realmente nos convencia com sua fragilidade e estranheza. A nova Carrie (Chloë Grace Moretz, de “Kick-Ass”), com seu rosto travado, parece limitada para um papel dramático. Repete as exatas mesmas expressões para qualquer situação de susto; e o que seria fragilidade parece histeria.

Julianne Moore também erra feio como Margaret, mãe fanática da adolescente que sofre bullying das amigas por conta de sua ignorancia quanto a sua sexualiade. Protagonista de algumas sequências e diálogos constrangedores, Moore parece ligada no piloto automático.

De resto, o novo “Carrie” pode agradar a nova geração de espectadores – ou você pensa que a refilmagem foi feita para a velha geração? A aceitação pode vir por conta do tema em sintonia com uma realidade do mundo juvenil cada vez mais em destaque, que é o constrangimento nas escolas.

A bem orquestrada sequência final, com a vingança sanguinolenta e incendiária de Carrie na festa de formatura é também muito bem orquestrada por Peirce – apesar de apimentada por alguns exageros.. Deverá, assim, deixar excitados muitos dos jovens que sofrem abusos nas sua complexa adolescência.

Consagração de dois talentos
Em 1976 Brian De Palma já era um reconhecido admirador do cinema de Alfred Hitchcock, tendo no currículo alguns filmes de suspense. Mas foi com “Carrie: A Estranha” que seu talento ganhou fama e percorreu o mundo; assim como chamou a atenção para um autor de história assustadoras, chamado Stephen King.

Após o sucesso do filme, tanto De Palma quanto King passariam a ser associados sempre a, respectivamente, filmes tensos e livros com situações sobrenaturais. Tanta repercussão veio por conta de uma combinação de rica de acertos na adaptação de “Carrie”.

A começar pelo elenco que trazia a magrinha Sissy Spacek como uma adolescente esquisita. Já aos 26 anos, ela tinha uma boa experência na tevê e dedicava-se excepcionalmente ao seu segundo filme para o cinema. Spacek e Piper Laurie (como a paranóica mãe de Carrie) concorrem ao Oscar de atriz e coadjuvante em 1977.

Também no elenco, John Travolta como Billy, o garoto que leva Sissy ao baile de formatura. Sua participação aqui o credenciou para um ano depois fazer o sucesso de sua vida, “Os Embalos de Sábado à Noite”. Já como a garota má, que abusa de Carrie na sequência da menstruação, estava a bela Nancy Allen (à época, esposa de De Palma), e como Sue, a namorada de Billy, estrelava Amy Irving (ex-mulher de Bruno Barreto).

Sem dúvida, a abertura impactante – com Carrie no banheiro da escola acreditando estar morrendo por conta de sua primeiro menstruação -, mais o final maestralmente filmado por De Palma com a vingança catastrófica de Carrie, ajudaram a deixar essa filme marcado para sempre no gênero do horror.

CAÇA-NÍQUEL
Em 1999, uma infeliz sequência – chamada “A Maldição de Carrie” foi lançada sob direção de Katt Shea. No enredo, a protagonista Rachel (Emily Bergl) é uma meia-irmã de Carrie. 23 anos após o acontecimento original, Rachel, que também tem poderes telecinéticos, está prestes a passar por humilhações no colégio. Do elenco original, apenas aparece Amy Irving como a mesma Sue, agora conselheira da escola.

NA TEVÊ
Em 2002, surgiu o telefilme “Carrie”, que sob direção de David Carson foi bastante fiel a versão de De Palma. A garota estranha foi vivida por Angela Bettis, já com fama de personagens esquisitos pelo que viveu no filme “Garota Interrompida” (1999), com Angelina Jolie.

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