17ª Tiradentes (2014) abertura
Plataforma do cinema crítico
Por Luiz Joaquim | 23.01.2014 (quinta-feira)
É hora de pensar o cinema contemporâneo brasileiro e, no mínimo há sete anos, a mineira Tiradentes (a 194 quilômetros de Belo Horizonte) é anualmente o mais prolífero espaço para tal trabalho quando sedia a Mostra de Cinema de Tiradentes. Promovida e produzida pelo Universo Produção, o evento inicia a partir de amanhã (24/01) sua 17ª edição (e segue até 1º de fevereiro) disponibilizando 134 filmes (29 longas, quatro médias, 101 curtas-metragens). Todos novinhos e prontos para nascer no mundo.
São obras de 16 estados brasileiros, entre eles Pernambuco com o longa “Amor, Plástico, Barulho”, de Renata Pinheiro, e os curtas “Casa Forte”, de Rodrigo Almeida; “Em Trânsito”, de Marcelo Pedroso; “Sob a Pele”, de Pedro Sotero e Daniel Bandeira; e “Rodolfo Mesquita e As Monstruosas Máscaras de Alegria e Felicidade”, de Pedro Severien. Todos estão no programa “Panorama”. No programa Foco, aparece “Estudo em Vermelho”, de Chico Lacerda, e na Praça exibirá “Pausas Silenciosas”, de Mariana Lacerda.
A Mostra de Tiradentes relaciona-se com o ato do pensar (e não apenas o de exibir) o nosso novíssimo cinema porque é para lá que seguem todo janeiro dezenas de intelectuais, pensadores, realizadores e pesquisadores sobre o assunto. Todos se reúnem para não apenas descobrir os filmes projetados – muitos pela primeira vez – mas também para problematizá-los no dia seguinte durante o “encontro com a crítica, diretor e público”. Realizado na manhã seguinte ao da projeção de longas e curtas no Cine Tenda (espaço com 700 lugares), os “encontros” são concorridos pelo público e cenário de debates do mais alto nível.
“Quando Eu Era Vivo”, o filme de abertura de amanhã, por exemplo, é um cinema nacional feito por um realizador – o paulista Marco Dutra – que corre por fora dos êxitos de altas bilheterias, mas que vai desenhando sua história junto a própria história autoral de nosso cinema. Dutra, que debutou num longa ao lado de Juliana Rojas no internacionalmente celebrado “Trabalhar Cansa” (2011), agora dá seu voo solo agregando num mesmo elenco Antônio Fagundes, Marat Descartes e Sandy.
No enredo de suspense, um homem volta a morar com o pai após separação e, removendo objetos que eram de sua mãe desenvolve uma obsessão pelo passado. Descartes, à propósito, é o grande homenageado desta edição. Ele ganha uma revisão de sua obra com a exibição de “Uma Dose Violenta de Qualquer Coisa”, de Gustavo Galvão; o média “E Além de Tudo me Deixou Mudo o Violão”, de Anna Muylaert; e os curtas “145”, de Gero Camilo, “A Caminho de Casa”, de Paula Szutan e Renata Terra, e “Fala Comigo Agora!”, de Karina Ades e Joaquim Lino. Há ainda o curta “Uma Confusão Cotidiana” (2006), dirigido por Descartes.
Pelo oitavo ano consecutivo, o leitor do CinemaEscrito poderá acompanhar a cobertura da Mostra de Tiradentes a partir da edição de segunda-feira.
PREMIAÇAO – A seleção de longas está organizada em seis mostras temáticas – Homenagem, Aurora, Autorias, Transições, Sui Generis e Praça, enquanto a de curtas em dez mostras – Homenagem, Foco, Panorama, Praça, Autorias, Sui Generis,Cena Mineira, Cena Regional, Formação, Mostrinha e Jovem. Os médias, uma das novidades desta edição, estão incluídos na programação de acordo com seus perfis estéticos.
DESTAQUES – Alguns dos novos longas na Mostra são “A Vizinhança do Tigre” (MG), de Affonso Uchôa; “Aliança” (MG), de Gabriel Martins, João Toledo e Leonardo Amaral; “BatGuano” (PB), de Tavinho Teixeira; “Branco Sai Preto Fica” (DF), de Adirley Queirós; “O Bagre Africano de Ataleia” (MG), de Aline X e Gustavo Jardim; “Aquilo que Fazemos com as Nossas Desgraças” (PR), de Arthur Tuoto; e “A Mulher que Amou o Vento” (MG), de Ana Moravi.
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