A Coleção Invisível
Filme recebeu três Kikitos do Festival de Gramado
Por Luiz Joaquim | 03.01.2014 (sexta-feira)
O grande vencedor do Festival de Gramado 2013 foi o pernambucano “Tatuagem”, de Hilton Lacerda, hoje em cartaz no cine São Luiz. O templo da rua da Aurora, curiosamente, também abriga outro vitorioso do mesmo festival a partir de hoje. É o baiano “A Coleção Invisível” (Bra, 2013), do francês radicado naquele estado, Bernard Attal.
Em agosto do ano passado, Attal subiu ao palco do Palácio dos Festivais, na Serra Gaúcha, para receber o troféu Kikito de melhor filme pelo júri popular, além do prêmio de melhor ator coadjuvante para Walmor Chagar (1930-2013) em sua última aparição no cinema. A atriz Clarisse Abujamra também foi lembrada por lá como melhor coadjuvante.
Se não fosse pela performance encantadora e campeã de Irandhir Santos no filme de Lacerda, Vladimir Brichta, protagonizando “A Coleção…”, teria uma boa chance em Gramado. Entre algumas qualidades e surpresas nesta estreia de Attal num longa de ficção, uma delas é ver o ator televisivo num personagem e situação dramática – terreno raramente caminhado por ele na tevê.
Adaptado de um conto de Stefan Zweig, o roteiro foi co-escrito por Attal com Sérgio Machado. Mostra Brichta sendo Beto, jovem produtor de festas na urbana Salvador que leva um baque após a morte violenta de cinco amigos. Instigado pela informação de um marchand amigo da família, descobre a existência de Samir (Chagas), um fazendeiro recluso que mantém com ele um valioso arquivo de gravuras feitas por seu pai. Beto decide então tentar encontrar Samir para comprar a coleção e revendê-la a europeus.
A partir daí “A Coleção…” torna-se um simpático filme de busca, de volta às raízes feita por Beto. Enquanto ele insiste em chegar a Samir, esbarra na sua esposa (Abujamra) e em sua filha (Ludmila Rosa) – um pouco acima do tom nas sequências de confronto com Brichta.
É por esta insistência que Beto vai percebendo nuances sobre a própria forma como encarava a vida. Há aqui também uma conjunção de coadjuvantes que ajudam na solidificação da atmosfera interiona e de reencontro interno, com revisão de valores, para a qual o filme nos leva junto a viagem de Beto. Com a ajuda do taxista (Frank Meneses), do radialista (Paulo César Pereio) e das crianças do pequeno município interiorano, as combinações equilibradas fazem da obra de Attal algo agradável e envolvente.
Em tempo Bernard Attal dirigiu três curtas-metragens, “29 Polegadas” (2005), “Ilha do Rato” (2006), “Um Passeio de Bicicleta” (2009) e “Os Magníficos” (2010), um documentário para a TV Brasil. Juntos, os filmes participaram de mais de cem festivais ao redor do mundo.
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