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Críticas

Ajuste de Contas

Briga boa: La Motta versus Rocky

Por Luiz Joaquim | 10.01.2014 (sexta-feira)

O roteirista Tim Kelleher teve uma ideia que poderia virar uma piada sem graça e desrespeitosa com a história sagrada do cinema. Pensou em colocar Sylvester Stallone e Robert De Niro num mesmo ringue de boxe. A fórmula parecia óbvia para o sucesso e é curioso que só agora tinha nascido pelas mãos do diretor Peter Segal. A boa notícia é que a espera valeu a pena pois “Ajuste de Contas” (Grudge Match, EUA, 2013) diverte e passa longe do desrespeito, soando mais como uma homenagem.

Quem consumia cinema nos anos 1970 e 1980, até hoje não desassocia De Niro do pugilista Jake La Motta em “Touro Indomável” (1980), de Martin Scorsese, e Stallone do lutador Rocky Balboa – cujo primeiro, dos seis títulos da franquia, foi dirigido em 1976 por John G. Avildsen. Para além de ótimos filmes, o clássico de Scorsese e alguns da série “Rocky” deram uma nova dimensão e interesse ao esporte que retrataram, além de ter marcado a carreira de seus protagonistas.

Queridos que eram, sempre que a produção de um novo filme da franquia de Stallone era anunciado, temia-se que ela maculasse a figura do heroi Balboa. E nenhum outro filme, até hoje, conseguiu nocautear a maestria das sequências de luta filmadas por Scorsese com De Niro no ringue.

Neste “Ajuste de Contas”, De Niro é Kid e Stallone é Razor Sharp. Nos anos 1980, os boxeadores eram os melhores em sua categoria e das dezenas de lutas que fizeram, perderam apenas uma vez, um para o outro, em dois embates. A terceira luta, que tiraria a dúvida de quem era o melhor, nunca aconteceu pois Razor retirou-se do boxe por um trauma com a namorada Sally (Kim Bassinger).

É quando aparece o agente Dante Jr. (Kevin Hart) e sugere que os dois se reencontrem para trabalhar juntos num projeto de videogame. O tal encontro, décadas depois, deflagra uma briga que vira notícia e o lucro com uma revanche oficial dentro do ringue, 30 anos depois, soa como uma mina de ouro.

Até chegar o grande momento, o enredo de Kelleher dirigido por Segal vai nos situando sobre o que se tornou a vida dos ex-pugilistas depois que se aposentaram em 1983, ao mesmo tempo em que vemos a nova luta os enchendo de estímulo e ajudando a superarem traumas. Apesar da “receita de bolo” como se apresenta o roteiro, o peso de De Niro e Stallone dão um sabor especial a este bolo, principalmente com as piadas sobre Rocky, La Motta, a velhice e contra as lutas de MMA.

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