Um novo curta-metragem está em gestação no Estado. A realização é da Arte e Sonho Produções, com direção e roteiro de Andréa Cohim. O projeto atende pelo título de “Ponto Final”, e tem como tema uma história que pode interessar a muita gente.

A sinopse oficial do curta adianta que por ele conheceremos Leonor (a atriz Débora Olivieri), uma mulher que não aceita a separação após 30 anos de casamento. Ela resolve convidar o ex-marido (Charles Myara) para uma última tentativa de reconciliação no antigo apartamento do casal. É este encontro que guarda um ato final de desespero da protagonista, sem conseguir se desvencilhar do passado feliz.

“O projeto surgiu de uma vontade de Andréa [Cohim], e reflete questões da vida das mulheres em geral. Andréa se baseou em amigas, fatos, filmes que a inspiraram, como -A Malvada-, -O que Aconteceu com Baby Jane-, [obras de] Hitchcock… entre outros fatos da vida”.

Quem revela a inspiração é Silvia Macedo, professora do curso de cinema da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e colega da cineasta (que hoje está no Chile) – além de responsável pela assinatura da direção de arte de “Ponto Final”.

As filmagens aconteceram na segunda e terceira semana de dezembro último, em Piedade (na igrejinha e edifício Esparta) e Candeias. Mas a principal locação foi no apartamento de uma vizinha da diretora. “Foi bem confortável para a equipe de 20 pessoas, que tinha a casa de Andréa como base e a locação da cenas na porta ao lado.

“A produção foi simples e nela participaram alguns alunos do curso de cinema da UFPE para estagiar nas áreas de produção e direção de arte”, conta Macedo.

Sobre sua participação, Silvia conta que a maior dificuldade foi dar a ideia de ausência. “O filme trata da questão de um não- lugar! A personagem se recusa a mudar do apartamento em que viveu 20 anos num casamento que para ela era feliz. A destruição disso tudo combina com uma profunda dor, medo e confusão mental nela”, contextualiza a diretora de arte.

O figurino também recebeu um tratamento especial, considerando o estado emocional da protagonista. Para a cena principal foi pensado um vestido simples com um tom de rosa velho, dando um clima de romantismo desbotado, de desilusão – ela também tem olheiras, cabelo preso para trás sem nenhum tipo de feminilidade ou vaidade.

Já na cena em que tenta reconquistar o marido, ele procura cores num vestido florido. “De batom vermelho e cabelos soltos, ela mostrar a vontade da personagem de voltar a ser a mulher que um dia ela já foi, e que talvez o marido ainda queira de volta”, diz Silvia.

A busca pelo elenco preciso
Para atender com presteza a carregada carga dramática que a história de “Ponto Final” demanda, é consenso entre a equipe que a seleção do elenco foi algo bastante difícil. Depois de vários testes, a opção recaiu mesmo sobre uma indicação dada por um amigo de Andréa Cohim.

A atriz escolhida para viver as dores de Leonor foi Débora Olivieri, uma paulistana que aproveitou a vinda para negociar uma turnê por aqui de sua peça teatral “Rosa”. Entre trabalhos realizados no cinema, Débora traz no curriculo os longas “Não Quero Falar disso Agora” (1989), de Mauro Farias; “Copacabana” (2000), de Carla Camurati; e “Desmundo” (2001), de Allan Fresnot.

Já Charles Myara, no papel do marido, foi indicado pela própria Débora. Myara é mais conhecido por participações em “Luz del Fuego” (1982), de David Neves; “Ópera do Malandro” (1986), de Ruy Guerra, e “O Que É Isso Companheiro?” (1997), de Bruno Barreto.

Responsável pela fotografia, Breno César infligiu um efeito mais granulado na imagem e procurou imprimir uma atmosfera melancólica, com luz amarela e âmbar. A montagem deve iniciar ainda este mês sob a mão do editor João Maria.

A produção foi feita com recursos próprios e agora Andréa prepara um projeto para tentar aprovação no Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura) e tocar a finalização do curta-metragem.