Um palácio que merece cuidados
São Luiz (Recife) teve sessões interrompidas pelo mau sistema de som
Por Luiz Joaquim | 16.01.2014 (quinta-feira)
Mesmo com o governo do Estado promovendo em 2011 a iniciativa de comprar – e assim evitar o fechamento – do cinema São Luiz, a ação louvada pela categoria cultural pernambucana hoje parece incompleta. Isto porque, não apenas esta mesma categoria profissional mas também os espectadores leigos do palácio na rua da Aurora se queixam da impossibilidade de compreender um filme brasileiro no São Luiz.
O estopim desta pendência técnica aconteceu semana passada, durante as exibições do filme pernambuco “Tatuagem”, de Hilton Lacerda. A premiada obra da Rec Produtores entrou em cartaz dia 3 de janeiro na sala de cinema do Estado, mas teve suas sessões canceladas quatro dias depois. Motivo: a péssima qualidade de seu áudio, não dando condições de ouvir qualquer diálogo de um filme sem legendas para ajudar.
A produtora Laura Aragão era uma das espectadoras que estava na sessão do dia 4 de janeiro, mas não chegou até o fim. “Já havia visto o filme em São Paulo e levei quatro amigas para assistirmos juntas. Com 15 minutos de iniciado, desistimos de tentar compreender o que era dito e saímos todas da sala”, lembrou.
O produtor João Vieira Jr., da Rec, conta que naquele fim de semana “choveu” reclamações na página do filme pelo Facebook, além de e-mails dos fãs pedindo uma solução. “Por coincidência, Hilton [Lacerda] estava no Recife e nos reunimos no dia 6 de janeiro com a coordenação do cinema para ver como acelerar o reparo”, contou João Vieira.
O produtor ressaltou também a delicadeza e disponibilidade do coordenador do espaço, Geraldo Pinho, quando decidiram por bem cancelar as sessões por três dias. O passo seguinte foi trazer de São Paulo, com recursos da Rec, um técnico da empresa AllTech para fazer uma oscilometria (espécie de equalização) no processador de som da sala. “O técnico chegou na quinta-feira passada. Ele também conferiu todo o cabeamento e entendeu que as caixas acústicas atrás da tela também não estavam em condições de funcionamento”, lembra Geraldo.
No mesmo dia, o coordenador da sala solicitou ao Espaço Cultura Mauro Mota, da Fundação Joaquim Nabuco, o empréstimo das antigas caixas acústicas do Cinema da Fundação – sala operando com novo equipamento desde julho de 2013. No dia seguinte elas foram instaladas emergencialmente no São Luiz.
“Voltamos a exibir -Tatuagem- na sexta-feira (10) e por enquanto estamos com a melhor configuração que podemos oferecer do nosso sistema analógico”, explica Geraldo. João Vieira Jr. conta que a iniciativa de viabilizar a vinda do técnico e o pagamento pelos seus serviços surgiu porque “este filme é fruto de um dinheiro incentivado, e como produtor entendo que ele deve ser oferecido à sociedade com a toda a integridade artística que empregamos nele. Segundo que o São Luiz é um espaço importantíssimo do ponto de vista de formação de público”, destacou.
Por nota, a Fundarpe informou que, através da Coordenadoria de Audiovisual, está sendo finalizado um termo de referência para abrir uma licitação e comprar um equipamento de projeção digital 4K e 2K com sistema 3D e som dolby digital 7.1. A licitação será divulgada até o final de janeiro no Diário Oficial do Estado e estará disponível no site instituição.
0 Comentários