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Críticas

A Imagem que Falta

Testemunho de dor

Por Luiz Joaquim | 21.02.2014 (sexta-feira)

Estreia no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco “A Imagem que Falta” (L`Image Manquante, Camb./Fra., 2013), filme do cambojano Rithy Panh, que concorre ao Oscar 2014 de filme estrangeiro.

Inspirado no livro “L`Emination”, de Christophe Bataille, o cineasta Panh, hoje um cinqüentão, resolveu contar sua própria história calcada nas memórias de sua vida que foi virada ao avesso quando tinha 13 anos. Era 1975 quando o Camboja passou a ser controlado pelo lider Pol Pot, do regime comunista Khmer Vermelho.

Com ele veio o projeto “Kampuchea Democrático”, uma espécie de engenharia social que resultou na extinção do indivíduo Cambojano, reduzindo o homem a um número dentro de um plano de reforma agrária que, pela fome, resultou num genocídio.

Com a “Kampuchea” foi dizimada toda uma cultura, esvaziando cidades e criando escravos em função de uma sociedade utopicamente igualitária.

A imagem que falta, clamada no titulo de Rithy Panh, é exatamente as de sua memória. Elas diferem daquelas que restaram feitas em películas velhas, sob ordem de Pot Pol dentro de um contexto propagandístico para o partido. Nas imagens daquela época o que vemos são publicidades do próprio regime, pelas quais temos operários raquíticos trabalhando na colheita, enquanto seus lideres aplaudem a si mesmos.

A estratégia de Panh para incluir com imagens essa unilateral história visual, dando uma outra perspectiva daquele momento, foi recriar o ambiente medonho de sua adolescência com bonecos moldados a mão, reproduzindo o que sua narrativa em off descreve com tanta riqueza de detalhes e precisa emoção.

Com a ajuda de uma edição de som primorosa a ambientação é irretocável, nos transportando para o horror que Panh vivenciou quando jovem. O cineasta nos apresenta aqui mais um capítulo triste da século 20 e, ao compartilhar suas memórias, nos ajuda a evitar repeti-la.

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