Caçadores de Obras-Primas
George Clooney se diverte
Por Luiz Joaquim | 14.02.2014 (sexta-feira)
“Caçadores de Obras-Primas” (The Monuments Men, EUA, 2014), produzido, dirigido, escrito e atuado por George Clooney, é um filme curioso. Mesmo parecendo uma colagem das diversas formas de abordar uma história vinculada à Segunda Guerra Mundial – todas elas já vistas em dúzias de bons filmes pelos quais a motivação é acabar com a Alemanha nazista ou salvar judeus -, este “Caçadores…” ainda consegue prender, bem, nossa atenção.
Em parte deve-se ao detalhe de que, o que vemos foi inspirado numa história real. Mas isto não seria o suficiente. Clooney, dono, como se sabe, de alto cacife em Hollywood, arregimentou atores bacanas – Matt Damon, Bill Murray, John Goodman, Cate Blanchett, Jean Dujardin, Bob Balaban, Bob Bonneville e Dimitri Leonidas – para, como Gregory Peck em “Os Canhões de Navarone” (1961), ou um Lee Marvin em “Os 12 Condenados” (1967), treinar e comandar não condenados, mas americanos especialistas em arte para ir à Europa em 1944 resgatar pinturas, esculturas e outras peças de arte saqueadas pelos nazistas com as quais Hitler montaria o maior e mais rico museu do mundo.
Na construção dessa aventura, Clooney (que, com Grant Heslov, co-adaptou o livro homônimo num roteiro) teve o cuidado de dosar humor e drama em acertada calibragem, realizando uma produção milionária nos pequenos detalhes, e nos enchendo os olhos com uma França tomada pelo Fuhrer, além de cenários e obras de arte refinidas.
Há entretanto um equívoco quase letal, de tão intenso aqui. A trilha sonora do francês Alexandre Desplat (indicado ao Oscar 2014 por “Philomena” – leia crítica neste CinemaEscrito) funciona em tons bem maiores que o necessário. Mais do que chamar a atenção para si o tempo todo, seu trabalho força a condução da emoção do espectador pela melodia “engraçadinha” ou “triste”, desmontando o que haveria de sutileza na construção das cenas boladas por Clooney.
Se exibido sem a trilha sonora, “Caçadores de Obras-Primas” cresceria e a interessante questão colocada pelo enredo – uma vida vale mais que uma obra de arte? – poderia continuar ecoando por mais tempo na cabeça do espectador.
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