Philomena
Testando a fé e o perdão
Por Luiz Joaquim | 14.02.2014 (sexta-feira)
“Philomena” (Idem, GB/EUA, 2013), do ótimo Stephan Frears, talvez passasse despercebido pelo circuito exibidor do Brasil se não fosse as indicações de melhor filme, atriz (Jude Dench), roteiro adaptado e trilha sonora ao Oscar 2014. Mesmo com o pedigree do festival de Veneza 2013, onde foi premiado pelo roteiro escrito por Steve Coogan e Jeff Pope, a nova produção de Frears não deve empolgar a juvenil maioria de espectadores do circuito multiplex.
Isso nao significa que temos aqui um filme desinteressante ou pobre. Pelo contrário, exatamente por se meter em terreno perigoso e daí se sair bem, “Philomena” merece atenção. O tema é o da sempre polêmica dimensão da fé das pessoas. No caso, a da senhora católica que dá título ao filme e que é tão bem defendida por Dench, que dá dignidade e estabilidade a sua Philomena.
Na história escrita em 2009 pelo jornalista Martin Sixsmith em seu livro “A Criança Perdida de Philomena Lee”, conhecemos uma devota senhora irlandesa que viveu a adolscência sob os auspícios desumanos de um convento administrado por freiras na Irlanda. Nesse ambiente, Philomena engravidou de um namoro rápido e se viu obrigada a separar-se de seu bebê por imposição da Igreja.
Já uma senhora, resolve, com a ajuda do jornalista Sixsmith (Steve Coogan), ir em busca do filho quando ele completaria 50 anos. Alternando a investigação do paradeiro do filho de Philomena com sua vida de sofrimento durante o internato nos anos 1950, o filme na verdade peca pelo ritmo que custa a acrescentar ingredientes à investigação e envolver o espectador.
Contrabalançando essa fragilidade, temos Dench não deixando o interesse cair por conta de sua convicção pautada por um lastro moral. Já no final, “Philomena” ganha novo fôlego, quando pistas indicam que o pecado da Igreja foi muito além de separar mãe e filho quando ele era só um bebê.
Com tudo isso, “Philomena”, o filme, cresce e vai um pouco mais além do quesito “fé”. Fala sobre a capacidade de perdoar. Postura que, para muitos, é algo inconcebível, coisa que o filme deixa bem claro na sua conclusão, destacando o quanto pode ser cansativo alimentar, interminavelmente, aquele sentimento chamado ódio.
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