Spaghetti Zombies 3.0 (2014)
E haja sangue de mentirinha
Por Luiz Joaquim | 15.02.2014 (sábado)
No ambiente cinematográfico do Recife, e não apenas na capital do Estado, Osvaldo Neto é conhecido por cultuar e se aprofundar no universo dos chamados “Filmes B”. Ou seja, aquelas produções nas quais o amor pelo inventividade cinematográfica está acima do desejo por um resultado impecável, ou mesmo coerente, ao nos entreter com uma história combinada pelo áudio e imagem. Como forma de compartilhar sua paixão, Osvaldo montou há dois anos a Mostra Spaghetti Zombies e hoje ele retorna à Fundação Joaquim Nabuco para nos meter medo, ou fazer rir (ou os dois ao mesmo tempo), com a 2ª edição do evento.
São seis filmes programados a partir de hoje, sendo o primeiro “Demons: Os Filhos das Trevas” (1985), de Lamberto Bava, hoje às 13h50 no Cinema da Fundação; e as demais sessões – um filme por dia – acontecendo entre segunda e sexta-feira (17 a 21/02), sempre às 19h30 na sala João Cardoso Ayres, com entrada franca.
Com os filmes, Osvaldo vai, como ele próprio explica, nos “apresentar a famigerada produção de um ciclo do cinema popular italiano responsável por alguns dos melhores e piores exemplares deste subgênero do cinema de horror: o filme de zumbi. Esta categoria de filmes fizeram com que realizadores como Mattei, Claudio Fragasso, Lamberto Bava, Lucio Fulci e Umberto Lenzi – todos representados nesta edição da Mostra – superassem limites em matéria de violência e nudez gratuitas”, contextualiza o curador.
Já na abertura, com “Demons” – que tem Dario Argento como um dos roteirista -, um mascarado distribui convites para a pré-estreia de um filme cuja sessão irá, na verdade, transformar-se num batalha contra monstros. Na trilha sonora deste trabalho de Lamberto, filho de Mario Bava, muito rock e heavy metal dos anos 1980. Aqui, logo após a sessão, haverá um debate com Osvaldo.
Na segunda-feira, temos um Lucio Fulci – “Zumbi 2 – A Volta dos Mortos” (1979) – no qual a filha de um cientista vai à ilha onde seu pai morreu e descobre o lugar infestado por zumbis indestrutíveis. A obra foi lançada pelos seus distribuidores como uma continuação não oficial e sem qualquer relação com “O Despertar dos Mortos” de George A. Romero
Na terça-feira (18), em “Nightmare City” (1981), de Umberto Lenzi, um acidente nuclear transforma um cientista em um morto-vivo que cotamina toda a tripulação de uma aeronave. “Em entrevistas, Lenzi afirma que não existem zumbis em seu filme, mas pessoas infectadas”. Osvaldo chama a atenção para a “coincidência” entre no argumento deste filme de baixo orçamento para o milionário “Extermínio” (2002), de Danny Boyle.
Na quarta (19) é a vez de “Predadores da Noite” (1980), de Bruno Mattei e Claudio Fragasso, no qual uma equipe militar vai à Nova Guiné tentar conter um gás tóxico que transforma seres-vivos em zumbis. Osvaldo conta que o diretor Mattei seria o equivalente o um “Ed Wood” – o pior diretor de cinema do mundo – criador de pérolas involuntariamente engraçadas pela sua ingenuidade. Quinta-feira (20), passa “A Terceira Porta do Inferno” (1989), de Claudio Fragasso, com zumbis filipinos.
Fechando a Mostra na sexta-feira (21), em “Demônios Negros” (1991), de Umberto Lenzi, temos três três jovens americanos que viajam ao Rio de Janeiro a fim de estudar o samba (!), mas um deles se sente fortemente atraído pela macumba e o vodu. “É Talvez o filme mais curioso. Ele foi realmente filmado no Brasil com equipe e elenco internacional. Nota-se o carregado sotaque dos atores brasileiros que precisaram dizer todas as suas falas em inglês”, destaca Osvaldo.
SAIBA MAIS
NO BRASIL – Sobre “Demônios Negros”, seu diretor aproveitou a estada no Brasil para realizar um outro filme, desta vez em Manaus. Trata-se de “Operação Golden Scorpion”. Uma fita de ação e aventura estrelada por David Brandon (o Calígula de “Calígula 2: A História Não Contada”, do Joe D’Amato) e pelo brasileiro Cecil Thiré como o bandidão principal.
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