Entrevista: Entre Nós (coletiva)
Filme dirigido por Paulo e Pedro Morelli, pai e filho, estreia 27 de março
Por Luiz Joaquim | 19.03.2014 (quarta-feira)
SÃO PAULO (SP) – Próxima semana, estreia em mais de 120 salas do País “Entre Nós”, novo filme do produtor, diretor e roteirista Paulo Morelli, co-dirigido com seu filho Pedro, de 27 anos. Parceiro de Fernando Meirelles na poderosa produtora O2 Filmes, Paulo nos oferece com este seu quarto longa-metragem – depois de títulos como “Cidade dos Homens” (2007) e o bobo “Viva Voz” (2004) – seu mais redondo trabalho.
Fruto de um longa elaboração do roteiro em conjunto com o filho Pedro, “Entre Nós” acontece inteiramente num paradisíaco sítio em São Francisco Xavier, na área paulista da Serra da Mantiqueira. Lá conhecemos dois momentos – no ano de 1992 e 2002 – na vida dos amigos Cazé (Júlio Andrade), Drica (Martha Nowill), Felipe (Caio Blat), Gus (Paulo Vilhena), Lúcia (Carolina Dieckmann), Rafa (Lee Taylor) e Silvana (Maria Ribeiro).
Enquanto na primeira parte conhecemos a leveza e os sonhos do grupo aos 20 e poucos anos, todos apaixonados por literatura, na segunda temos eles trintões amadurecidos. Alguns aparecem amargurados e outros realizados, mas todos, sem exceção, estão tocados por uma tragédia ocorrida em 1992.
Durante a tarde de segunda-feira (17), a produção reuniu a imprensa nacional para entrevistas com os diretores e todo o elenco, com exceção de Nowill e Andrade, ambos premiados pelos respectivos papeis no último Festival do Rio, em setembro.
Sobre a harmonia e excelente química do elenco que se constata na filme, Caio Blat, o primeiro a ser confirmado no elenco, destacou como foi importante todo o grupo se conhecer a vários anos, com exceção do novato Taylor (de “Estamos Juntos”, 2011), cuja carreira vem sendo mais focada no teatro. “Mas a entrada de Lee foi fundamental no grupo, porque talvez ele seja o mais radical na técnica”, pontuou Caio.
Lee, que interpreta Rafa, uma espécie de referência no grupo quando jovem, e que não participa da segunda parte da história, contou que integrar-se aos atores enturmados entre si na vida real foi um desafio. “Mas aconteceu, e outra coisa que me atraiu bastante foi criar meu personagem tendo de deixá-lo forte o suficiente, e em tão pouco tempo na tela, de forma que sua memória continuasse ao longo do filme”, revelou Lee.
Outra integrante do elenco, com pouca história no cinema, Dieckmann ganhou espaço aqui para mostrar uma outra vertente de seu talento como nunca pôde fazê-lo nas telenovelas: a sutileza de seu olhar. “Na tevê precisamos verbalizar muito sobre os sentimentos, aqui pude me apropriar do silêncio para dar o tom da cena”, comentou.
Já Vilhena, chamou a atenção como o romântico Gus, personagem que se considera fracassado, tendo perdido a mulher de sua vida para Felipe (Blat). De um modo geral, sua performance aqui como figura fragilizada, distinta daquela que construiu na carreira com figuras mais agressivas e combatentes, agradou exatamente pelo contraste.
“Um coisa muito bacana foi a possibilidade de estarmos livres para improvisar. A cena do jantar tinha uma objetivo. Precisávamos falar de sexo, sucesso e política até chegar a um ponto tenso entre meu personagem e o de Caio [Blat]; e os diretores foram generosos em nos deixar à vontade para criar dando nossa contribuição no diálogos ali”, revelou Vilhena. A tal cena, teve a câmera operada pelo próprio Pedro Morelli, mas quem assina a direção de fotografia é Gustavo Hadba.
Blat, o mais entusiasmado nas entrevistas, contou que fez desse filme um projeto pessoal. “Tínhamos um ótimo roteiro, e ele precisava ser preenchido. Paulo e Pedro sabem o quanto esse filme é nosso também”. De fato, todos pareciam tão verdadeiramente satisfeitos com o resultado que até foi mencionada a possibilidade deles voltarem a fazer um próximo filme com os mesmo atores vivendo os mesmos personagens daqui a dez anos.
*Viagem a convite da O2 Filmes
OS AMIGOS
Cazé (Júlio Andrade)
Crítico literário respeitado e impiedoso, é casado com Drica. Tornou-se também um bom cozinheiro e foi atrás de seus sonhos nos últimos dez anos, tendo alcançado a todos.
Drica (Martha Nowill)
A mais espontânea e sexual das mulheres do grupo, é casada com Cazé e, aos trinta e poucos anos, está louca para ter o primeiro filho, coisa que o marido evita de toda forma.
Felipe (Caio Blat)
Tornou-se um escritor famoso, na verdade por conta do primeiro livro que lançou, logo após o último encontro do grupo, dez anos atrás. Casou-se depois com Lúcia.
Gus (Paulo Vilhena)
Romântico e fragilizado pelos fracassos acumulado nos últimos dez anos, nunca se recuperou de ter perdido a mulher de sua vida, Lúcia, com quem queria ter muitos filhos.
Lúcia (Carolina Dieckmann)
Casada com Felipe, Lúcia é a única que tornou-se mãe. Seu filho com Felipe já tem dois anos. É a mais discreta das amigas e ainda guarda um especial e secreto carinho por Gus.
Rafa (Lee Taylor)
Figura solar no juvenil grupo de amigos, Rafa era uma referência para todos. Muito próximo de Felipe, para ciúme de Silvana, ambos compartilhavam segredos como a leitura do livro em construção.
Silvana (Maria Ribeiro)
A dona do sítio onde se reúne o grupo em 1992 e 2002 namorou todos os garotos no passado, mas tinha especial carinho por Felipe e Rafa. Com mais de 30 anos, não tem a menor vontade de casar-se ou ter filhos.
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