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Joan Baez (apresentação no Recife)

Quando a musica era um instrumento para a paz

Por Luiz Joaquim | 31.03.2014 (segunda-feira)

Quanta diferença em escutar um música histórica saindo da boca de um cantor em início de carreira, por mais talentoso que seja, e escutar a mesma canção pela voz de uma veterana que viveu as dores da época em que a musica foi criada. Que o diga o público de um cheio e excitado auditório ocupado no Teatro RioMar (696 lugares) na noite de sexta-feira para o encerramento da turnê “Gracias a La Vida”, da cantora norte-americana Joan Baez.

E como talento musical e consistência política não tem nada a ver com aparência, a primeira coerência a dizer sobre sua apresentação estava no cenário do show e nos modos da cantora. Sem artefatos ou efeitos multimídias ao redor, Baez entrou sozinha no palco, com seu jeans e blusa branca para, ao violão, abrir a noite com “God is God”, de seu mais recente álbum.

Antes de entoar a melodia inglesa, com a ajuda de um “cola”, Joan gentilmente lia traduzindo para o português as primeiras estrofres das canções. “Eu acredito em Deus, Deus acredita em mim, e em nós”. Depois de tocar também sozinha “Farewell, Angelina”, escrita em 1965 pelo ex-namorado Bob Dylan, Joan recebeu no palco seu próprio filho Gabriel Harris (percussão) e Dirk Powell, que alternava-se entre o banjo, violão, baixo, piano acordeão e mandolin).

Com eles ouvimos “Flora” uma “típica balada folk”, conforme adiantou Baez que, à medida em que bebia um pouco de chá entre uma musica e outra, sua voz parecia ganhar mais força, mantendo sempre a suavidade.

Foi assim esse o tom para “Deportee”, na qual ela critica a forma como os mexicanos são deportados dos EUA, ou na linda interpretação que deu a “It’s all over now, baby blue”, também de Dylan, com a plateia já interagindo.

Mas nada indicava, inclusive para a surpresa de Baez, a empolgação que tomaria o auditório com as canções que viriam na sequência. Era o hino nordestino “Mulher rendeira”, aqui numa espécie de arranjo folk, e depois “Acorda, Maria Bonita”, de Antônio dos Santos, famosa na voz de Gonzagão.

Com a apresentação de outros clássicos como “Joe Hill”, que ela tocou em Woodstock, e “Swing Low, Sweet Chariot”, que aprendeu lutando pelos direitos civis e passou a incluir em todos os seus shows, inclusive tendo tocado para Martin Luther King, Baez ia aproximando-se do final. Mas antes embalou a todos com “Cálice”, de Gil e Chico Buarque.

No bis, Baez tocou mais quatro músicas não menos impactantes: “Caminhando e Cantando”, de Vandré, “Blowin in the wind” de Dylan, “Imagine”, de Lennon e, à capela, o hino gospel “Amazing grace”.

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