S.O.S. Mulheres ao Mar
S.O.S. comédia naufragando
Por Luiz Joaquim | 20.03.2014 (quinta-feira)
Por muitos anos na década de 1970, o departamento do governo militar que propagava no exterior o turismo do País usava fotografias com a bunda das cariocas nas praias de Copacabana em pôsters enormes, estampando a palavra “BRASIL”. Logo no início do “S.O.S. Mulheres ao Mar” (Bra., 2014), filme de Cris DAmato que estreia hoje, uma das três protagonistas, a ótima atriz Fabíula Nascimento, está na praia escolhendo figurantes para atuar num comercial.
Seu personagem em “S.O.S…” é Luiza e, enquanto fala ao celular com a irmã Adriana (Giovanna Antonelli), que ganha a vida traduzindo e legendando filmes pornôs, Luiza começa a acariciar e apertar os modelos descamisados pre-selecionados para o trabalho.
A ideia aqui é clara. Tentar mostrar com humor que Luiza é, digamos, a bem resolvida sexualmente do grupo que irá formar com Adriana e a empregada doméstica desta última, Dialinda (Thalita Carauta). As três seguirão numa viagem em segredo num transatlântico na qual Adriana tenta reconquistar seu marido (Marcello Airoldi), ali viajando à Itália com a nova mulher.
A comparação da abertura de “S.O.S…” com o pôster militar da bunda setentista serve aqui apenas como um ícone sintetizador das intenções da carioquíssima comédia de DAmato, ou seja, fazer rir pelo sexo como algo idiota, com uma pitada de clichê romântico, e outras piadas pobres a partir do estereótipo da empregada burra e seus problemas com o idioma português.
E para um estereótipo no filme de DAmato, parece haver espaço apenas para outro estereótipo. Ele vem na forma do par romântico que Dialinda encontra no navio, o garçon pernambucano vivido por Rodrigo Ferrarini.
O esforço de Ferrarini para falar como um nordestino é constrangedor. E a responsabilidade nem deve ser sua, pois a produção do filme pode inclusive se defender afirmando que a proposta é mesmo a do exagero. Se tal resposta viesse, seria como dar um tiro no próprio pé, pois para o espectador que não mora em “Ipanêênma”, o sotaque de Ferrarini é mais que irreal, é errado. É como se alguém falasse “Oxente minina!! Chegue aqui, bichinha!!!”, quando na verdade gostaria de expressar apenas um simples “Espera aí”.
Por falar em constrangimento, Antonelli aparece completamente deslocada como a esposa traída e insistente em recuperar o marido. Se sua idade fosse a de 20 anos, talvez pudéssemos (e olhe lá) aceitar suas atitudes correspondendo a seu personagem. Esforçando-se aqui estão Nascimento e Reynaldo Gianecchini, mas eles não conseguem fazer milagre pois “S.O.S. Mulheres ao Mar” não é um filme de comédia, mas uma piada ruim. E mal contada.
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