Walt nos Bastidores de Mary Poppins
Disney penou para dobrar a Sra. Poppin
Por Luiz Joaquim | 07.03.2014 (sexta-feira)
“Walt nos Bastidores de Mary Poppins” (Saving Mr. Banks, EUA/GB/Austra., 2013), de John Lee Hancock, que estreia hoje, já é reconhecido como um daqueles filmes que foram injustamente esquecidos pela Acadêmia de Artes e Ciências Cinematográfica de Hollywood, sem receber nenhuma indicações ao Oscar 2014.
Não apenas pela participação coerente do queridinho da América, Tom Hanks, na pele de Walt Disney, mas também pela impecável atuação de Emma Thompson como a escritora australiana Pamela Travers, autora do livro infanto-juvenil “Mary Poppins” (1934), o qual Disney levou 20 anos para conseguir os direitos de adaptação para a tela grande. Por tudo isso e por uma impecável produção sobre o que esteve por trás de um clássico do cinema, “Walt nos Bastidores…” acenava como um possível oscarizável. Não aconteceu.
O fio condutor aqui começa em 1961 e segue esse entrevero entre as duas personalidades fortes e criativas que eram Disney (1901-1966) e Travers (1899-1996) mas é, principalmente, sobre o que está por trás de razões para a criação de uma obra de arte. Para o empresário americano, não era segredo que ele prometera em 1941 às duas filhas que transformaria o livro preferido delas em um filme.
Mas para a escritora Travers, a história de Mary Poppins, uma babá que chega a um lar bagunçado para por ordem na vida das crianças, escondia um forte trauma infantil vivido com seu pai, o Mr. Banks do título original. Interpretado por Collin Farrell, ele foi a figura que estimulou a imaginação fértil da autora, que se sentia sempre em débito por ele. Thompson, de tão comovente, dá com sua presença aqui uma Sra.Travers fascinante, e não permite que reduzamos sua complexidade à clichês freudianos.
Ao alternar a dramatização da história de infância da Sra. Travers contra suas recusas constantes ao assédio de Walt Disney, o diretor Hancock (de “Um Sonho Possível”) faz aqui seu trabalho mais equilibrado. E com o roteiro de Kelly Marcel e Sue Smith, desenvolvido a partir de uma situação real (não deixe de ver os créditos finais), o história de Mary Poppins que todos conhecemos ganham um novo brilho e significado.
OSCAR – O filme “Mary Poppins” (1964) concorreu a 13 Oscar em 1965. Um recorde que a Disney não conseguiu superar até hoje. Destes, venceu cinco, entre eles o de melhor atriz para Julie Andrews. Com o custo de US$ 6 milhões, rendeu mais de 100 milhões e deu a sua autora uma tranquilidade financeira.
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