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Festivais

18º Cine-PE (2014) – noite 3

Público, cadê você?

Por Luiz Joaquim | 30.04.2014 (quarta-feira)

Era próximo de 23h da segunda-feira quando o realizador pernambucano Cezar Maia subiu ao palco do Teatro Guararapes no 18º Cine-PE: Festival do Audiovisual e convidou a equipe para apresentar a sessão de seu primeiro longa-metragem, “Corbiniano”. Acompanhado de cinco pessoas, muito tranquilo, Cezar brincou: “Ainda tem gente da produção na plateia, mas não vou chamar mais ninguém senão o auditório fica vazio”. E ele não exagerava.

A sessão de “Corbiniano”, documentário sobre a discrição, a nobreza e o legado do artista plástico pernambucano que dá nome ao filme, teve talvez menos de 100 espectadores (incluindo Cezar e seus cinco profissionais) espalhados entre as mais de 2.400 poltronas do Teatro Guararapes. Para entender tal dimensão de esvaziamento, basta lembrar que este volume de pessoas representa por volta da metade da lotação do Cinema da Fundação Joaquim Nabuco – cuja capacidade é de 197 lugares.

Se “Corbiniano” foi pouco prestigiado – e o mérito do filme não deve ser responsabilizado por isto -, a sessão anterior com o longa português,o documentário “E Agora? Lembra-me”, de Joaquim Pinto, teve um público ainda menos expressivo (60 pessoas?). É provável que a melhor ocupação da noite (e isso não foi muito) tenha sido testemunhada pela sessão do curta-metragem local “Tubarão”, de Leo Tabosa.

O agendamento para uma segunda exibição – às 17h de amanhã – do filme “1960” não foi decidida por ele ter tido problemas em sua sessão original, às 23h40 do domingo, mas sim pelo seu público reduzido, assim assumiu a coordenação do festival. Ou seja, o Cine-PE está atento a este momento delicado.

A mirrada participação pública no 18º Cine-PE nestes primeiros dias preocupa particularmente nesta edição, em que um novo formato foi adotado para o evento tentar criar uma excelência curatorial – com filmes que justifiquem realizar um festival de cinema caro -, mas sem esquecer o outro elemento indispensável a um evento como este: a participação pública.

Mesmo estando cedo para apontar erros ou soluções, o esvaziamento foi uma realidade beirando ao constrangimento nesta primeira metade da mostra competitiva do 18º Cine-PE; o que faz pensar se agora não seria o local (o Teatro Guararapes) o ponto a ser repensado com a a nova realidade do evento.

Com o Governo do Estado anunciando a reequipagem em andamento do cinema São Luiz para operar ainda este ano com som e projeção digital no formato DCP, talvez uma mudança de volta, em 2015, para aquela que foi sua primeira casa (o primeiro Cine-PE, em 1997, foi no cine São Luiz) pudese ser levado em conta.

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