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Entrevistas

Entrevista: Lúcia Nagib

Nagib: O Som ao Redor é apenas a ponta de um iceberg

Por Luiz Joaquim | 16.04.2014 (quarta-feira)

O Recife recebe hoje a oportunidade de ouvir a pesquisadora Lúcia Nagib, professora titular de cinema na Universidade de Reading, Reino Unido. Numa ação conjunta entre o bacharelado em Cinema da UFPE; PPGCOM-UFPE e Curso de Especialização em Estudos Cinematográficos, da UNICAP, Nagib estará hoje, às 19h, na sala Aloísio Magalhães (Fundação Joaquim Nabuco, Rua Henrique Dias, 609, Derby) para a palestra “Teoria e prática cosmopolita: a lição de O som ao Redor”. A autora do livro “World Cinema and the Ethics of Realism” nos respondeu alguns aspectos sobre o impacto do filme de Kleber Mendonça Filho, assunto que estará na pauta de hoje à noite.

ENTREVISTA: LUCIA NAGIB

Como percebeu a recepção de O Som ao Redor no Reino Unido? Que aspectos a crítica local ressaltou?
O Som ao Redor foi uma surpresa para todos, porque o cinema do Brasil não tem tido repercussão no exterior, apesar de uma produção considerável. O Som ao Redor coloca o Brasil em diálogo com o movimento capitalista global, e este é o aspecto que mais atrai o público e a crítica. Sem contar o modo sutil e a originalidade com que passa informações que podem ser compreendidas para além de barreiras linguísticas. Sente-se que há um pensamento sólido, embasado na história, neste filme. Para mim é apenas a ponta de um iceberg cultural fantástico neste momento em Recife.

Com que outros títulos brasileiros, da contemporaneidade, você diria que O Som ao Redor dialoga do ponto de vista temático e mesmo estético?
Na minha palestra irei traçar a certo momento uma comparação com O Invasor, de Beto Brant, com relação àquele elemento da classe baixa que através da astúcia penetra nas camadas mais altas da sociedade a fim de minás-las por dentro. O que tanto O Som ao Redor e O Invasor demonstram é que a luta de classes não se dá entre esferas separadas da sociedade mas constitui a sua própria estrutura e definição.

O Som ao Redor poderia ser vinculado ao conceito de World Cinema? Se sim, por quais motivos?
Meu conceito de World Cinema é policêntrico, isto é, ele não separa Hollywood do resto do mundo de forma binária, colocando a produção americana como centro e o restante do mundo como periferia. Minha teoria identifica picos criativos em vários momentos e lugares da história do cinema que se inter-relacionam no nível global. É óbvio que o cinema de Pernambuco está vivendo um novo pico criativo (dentre outros da sua história) e, neste sentido, caberia perfeitamente na minha definição de World Cinema.

Sua passagem pelo Recife está vinculada a outros apontamentos acadêmico/profissionais no Brasil?
O Reino Unido está de olho no Brasil, por ser visto como um país extremamente próspero e com muitas possibilidades de cooperação, não apenas no campo empresarial como também acadêmico. Minha vinda a Recife em particular foi sugerida pela minha universidade, que vê um movimento muito dinâmico na área acadêmica de Recife, com um contorno transnacional e com destaque para a área de cinema. É claro que fiquei felicíssima, porque sou uma fã da cultura pernambucana e adoro o cinema daqui. Além disso tenho colegas extraordinários no meio acadêmico daqui, como ngela Prysthon e Alexandre Figueirôa.

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